Quem quer ser super-mãe?
Quem quer ser super-mãe?
Se recebesse um euro por cada vez que me chamam super-mãe estaria rica. Eu própria tenho momentos em que me considero uma super-mãe. O problema é que esses são mais a regra do que a exceção.
Como dizia uma amiga por estes dias, a super-mãe não existe. "É um mito, como o Monstro Loch Ness ou o Abominável Homem das Neves."
Segundo o dicionário inglês Merriam Webster a palavra 'supermom' significa "uma mãe exemplar". Onde se acrescenta "também: uma mulher que desempenha as tarefas tradicionais de cuidar da casa e das crianças enquanto mantém o trabalho a tempo inteiro".
Pouco machista, não é?! (E as que não fazem ou não gostam de fazer as tarefas da casa não podem ascender à categoria super-mães? E as domésticas que se dedicam apenas à casa e aos filhos? E as que trabalham a meio-tempo para poder estar mais com os filhos?)
Mas parece que agora até para ser esta super-mãe (aka visão retrógada) por si só já não basta. Temos de ser boas donas de casa, boas com as crianças, boas no trabalho, boas como o milho. E, já, agora, boas na cama.
Mas há mais. Temos de ser atenciosas, gentis, diplomáticas, fit, cool, sexy, queixo para cima, barriga para dentro, rabo para trás. Temos de ser o mundo inteiro num corpo cheio de cansaço, inseguranças e inquietações.
Quem é que aguenta? E todas caímos na falácia. Os Instas, os amigos, a família, as televisões, as revistas, as outras mulheres. Claro que eles não fazem por mal. Mas se ser uma super-mãe é carregar todo este peso eu passo a vez.
Para ser uma coisa não posso ser outra. Para poder dedicar-me ao trabalho vou passar menos tempo com a minha família, e vice-versa. Para poder cuidar de mim durante meia hora o meu filho vai brincar sozinho.
Talvez hoje nem me apeteça fazer o jantar. Nem limpar a casa. Talvez hoje me apeteça ir sair com o meu namorado e deixar o nosso filho com os avós. E está tudo bem.
Quero ser uma mãe não exemplar. Quero não sentir culpa por não ser uma super-mãe. Temos de normalizar mais a imperfeição, o drama, os berros, as angústias, os 'não me apetece', a roupa por lavar e o jantar por fazer.
Lembrem-se, quando chamarem a alguém de super-mãe, por dentro ela pode estar tudo menos super.
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