Grã-Duquesa. "Fui a primeira latina a entrar para uma família real"
Grã-Duquesa. "Fui a primeira latina a entrar para uma família real"
(Notícia atualizada às 19:06.)
Maria Teresa do Luxemburgo vive por estes dias uma grande tristeza pela perda do sogro, o Grão-Duque Jean, cujo funeral se realiza amanhã, dia 4 de maio. Numa entrevista recente à revista espanhola Hola, a monarca nascida em Cuba recordou que foi a primeira "latina" - leia-se, latino-americana - a entrar para uma casa real em todo o mundo e a quarta plebeia a casar-se com um príncipe. Abrindo assim caminho para outras jovens sem sangue azul se tornarem princesas.
Recentemente, dedicou uma mensagem ao Grão-Duque Jean na sua página pessoal, falecido no passado dia 22 de abril. "O meu sogro sempre me apoiou em todas as minhas iniciativas e o seu apoio sempre foi muito importante para mim", escreveu.
Numa entrevista recente à Hola, antes da morte do sogro, a Grã-Duquesa falou sobre a família e os projetos a que se dedica atualmente. "Os meus filhos são os meus 'monumentos', a minha alegria. Para mim e para o meu marido eles representam toda a felicidade", confessou. Os Grão-Duques são pais de cinco filhos: Guilherme, Félix, Louis, Alexandra e Sebástien.
Maria Teresa recordou também como venceu várias barreiras sociais ao entrar para a família real do Grão-Ducado. "Fui a primeira latina a entrar para uma família real e a quarta não pertencente à realeza a casar-me com um membro de uma família real", realçou à publicação. Depois dela, seguiram-se outras "latinas", como a argentina Máxima da Holanda ou Ângela de Liechtenstein, do Panamá, ou Tatiana Casiraghi, descendente de sul-americanos (Colômbia e Brasil), que se casou com Andrea Casiraghi, filho da princesa Carolina do Mónaco.
Ao mesmo tempo, abriu caminho para que jovens plebeias se tornassem princesas e rainhas, algo raro há algumas décadas. "Juntamente com Sílvia da Suécia, Sónia da Noruega e Grace do Mónaco, abrimos caminho para todas estas jovens soberanas, que não tiveram de passar pelos mesmos obstáculos que nós para se casarem com um príncipe herdeiro e entrar para uma família real", afirmou.
Aos 63 anos, feitos recentemente, a mulher do Grão-Duque Henri, continua a ser uma mulher muito ativa e empenhada nas causas sociais e humanitárias. É embaixadora da Unesco e da Unicef e desde final de março que está a promover o seu novo projeto contra a violência sexual feminina nas zonas de conflito, o Stand Speak Rise Up.
A importância das iniciativas levadas a cabo pela Grã-Duquesa levaram mesmo a que o Luxemburgo conseguisse contar com a presença de três prémios Nobel da Paz na apresentação do novo projeto. Nadia Murad e Denis Mukwege (2018) e Muhammad Yunus (2006) viajaram propositadamente até ao Grão-Ducado para falarem sobre a realidade preocupante da violência sexual contra as mulheres.
O Grão-Duque Jean foi, aliás, um dos oradores de uma das conferências do evento, tendo dias depois sido internado. Acabaria por falecer no hospital, vítima de pneumonia.
A mulher do Grão-Duque Henri nasceu em Havana, Cuba, numa família abastada da ilha, conhecida pelas suas iniciativas na "filantropia e cultura". "As minhas origens cubanas estão muito ligadas ao lado filantrópico da minha família", frisou, acrescentando que os filhos também são muito ligados à ilha. "Os cinco têm um lado muito quente, têm um ritmo fantástico quando dançam, bom ouvido para a música e cantam muito bem", contou.
Após a Revolução Cubana, Maria Teresa e a família instalaram-se em Nova Iorque, nos EUA. Dali foram para Santander, Espanha, e mais tarde viveram também em Genebra, na Suíça. Foi nesta cidade, enquanto aluna universitária que conheceu Henri, na altura seu colega de curso.
Para se casarem tiveram de ter a aprovação do Grão-Duque Jean, conseguida com a ajuda da duquesa Charlotte, avó do príncipe Henri. Casaram-se no Dia dos Namorados, a 14 de fevereiro de 1981.
Paula Santos Ferreira
