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VIH. Já há pessoas curadas mas não existe tratamento "milagroso"
Sociedade 2 min. 27.07.2022 Do nosso arquivo online
Saúde

VIH. Já há pessoas curadas mas não existe tratamento "milagroso"

Teste de VIH
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VIH. Já há pessoas curadas mas não existe tratamento "milagroso"

Teste de VIH
Klaus-Dietmar Gabbert/dpa-Zentra
Sociedade 2 min. 27.07.2022 Do nosso arquivo online
Saúde

VIH. Já há pessoas curadas mas não existe tratamento "milagroso"

AFP
AFP
Todos os pacientes que se viram livres definitivamente do vírus tinham algo em comum: um cancro no sangue que os obrigou a receber um transplante de células estaminais.

Um conjunto de doentes está curado da infeção pelo vírus VIH, que causa a SIDA, mas são casos extremamente isolados e não permitem ainda o desenvolvimento de tratamentos que levem à eliminação total do vírus. 

"Nunca imaginei viver o tempo suficiente para estar livre", disse um dos  pacientes cuja recuperação foi anunciada nesta quarta-feira, pouco antes da Conferência Internacional sobre a SIDA deste ano, que vai realizar-se em Montreal. A pessoa (que preferiu o anonimato) é a quarta ou quinta a estar livre do vírus.

Logo, estes são mesmo casos pontuais, que devem ser distinguidos dos milhões de doentes infetados com o VIH que podem contar com uma esperança de vida normal, graças à existência de tratamentos eficazes. Estes tratamentos, conhecidos como antirretrovirais, bloqueiam a reprodução do VIH no corpo, mas não o eliminam completamente. 

Para esta mão cheia de pessoas, terá sido a total eliminação do vírus. A primeira a ver-se livre do VIH vivia em Berlim, em 2008. A penúltima, anunciada alguns meses antes da conferência de Montreal, tratou-se de um paciente em Nova Iorque. 

O que todoas estas pessoas tinham em comum? Um cancro no sangue que os obrigou a receber um transplante de células estaminais que renovou completamente o seu sistema imunitário. 

Neste último caso anunciado esta semana, o paciente californiano recebeu um transplante de medula óssea em 2019. Dois anos mais tarde, deixou de tomar os  antirretrovirais, uma vez que o VIH está indetetável no corpo. 

Um homem de 66 anos, que estava infetado há mais de 30 anos, é o paciente mais velho a curar-se. Isto mostra que uma cura por transplante de células estaminais pode beneficiar uma pessoa mais velha também. 

Procedimento incómodo

Mas as conclusões ainda são muito preliminares, uma vez que ainda não é possível pensar num tratamento semelhante em pessoas sem cancro.  "Para a maioria das pessoas infetadas pelo VIH, isto não é uma opção", admitiu a especialista em doenças infeciosas Jana Dickter, que tratou este doente e está a apresentar o caso em Montreal, enquanto aguarda a revisão independente do trabalho e a publicação numa revista científica. 

Os transplantes de células estaminais, na maioria das vezes utilizando medula óssea, são de facto um procedimento incómodo com efeitos secundários significativos. "O primeiro efeito de um transplante de medula óssea é destruir temporariamente o seu próprio sistema imunitário", disse à AFP o investigador Steven Deeks, especialista em VIH.Tal risco está "fora de questão em alguém que não tem cancro", acrescentou. 

Deeks, que apresenta em Montreal avanços importantes na identificação de uma célula infetada com VIH, acredita que o paciente californiano, tal como os seus antecessores, fornece pistas interessantes para um futuro tratamento generalizado. 

O tratamento, argumenta, poderia ser baseado na tecnologia CRISPR, um método de manipulação genética que é um dos grandes avanços científicos dos últimos anos. A ideia seria modificar directamente os genes CCR5 de pacientes infectados para tornar os seus corpos resistentes ao VIH. "Teoricamente, é possível", conclui ele. "Mas, de momento, é ficção científica".   

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