Viagens. Aeroportos temem "caos" durante o verão
Viagens. Aeroportos temem "caos" durante o verão
A retoma do fluxo de viagens internacionais e a entrada em vigor de novos protocolos sanitários, como o certificado verde digital, que deverá começar a ser aplicado na Europa, a 1 de julho, estão a fazer soar os alertas nos aeroportos.
"Complexidade" e "caos" são algumas das expressões usadas pelos profissionais do setor quando projetam a circulação aeroportuária para este verão. Segundo a AFP, o receio prende-se, sobretudo, com o estrangulamento do fluxo de viajantes, que vai aumentar, nos postos de controlos para verificação dos certificados sanitários da covid-19, além dos restantes documentos de identificação.
Todos esses procedimentos levarão a que passageiros e funcionários percam ainda mais tempo até à hora do embarque, como tem vindo a acontecer desde que a pandemia começou, mesmo com a diminuição do tráfego aéreo e a proibição de viagens.
O tempo gasto pelos viajantes nos aeroportos (check-in, segurança, controlo de fronteiras, alfândegas e recolha de bagagem) duplicou entre 2019 e 2021, passando de uma hora meia para três, em média, "enquanto que o volume de passageiros corresponde apenas a cerca de 30% do que existia antes da covid-19", afirmou, citada pela agência francesa, a Associação do Transporte Aéreo Internacional (IATA), na semana passada.
De acordo com as contas da IATA, se o volume de passageiros voltar a 75% dos níveis de 2019, esse tempo deverá subir para cinco horas e meia, "se os procedimentos não melhorarem". Com uma recuperação a 100%, o tempo gasto só nos aeroportos, para fazer uma viagem, corresponderia a uma média de oito horas.
Essa estimativa não deverá, contudo, concretizar-se, uma vez que o ramo europeu do Airports Council International (ACI Europe) prevê 125 milhões de viajantes aéreos em agosto, ou que equivale a 48% do fluxo no mesmo mês, em 2019. Mesmo as previsões da Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea (Eurocontrol) para esse mês, que antevê entre 46% e 69% de tráfego aéreo, face a agosto de 2019, preveem um nível médio de apenas 57% no pico do verão.
Embora o certificado digital, que deverá ser introduzido para viagens dentro da UE este verão, seja visto como um passo importante para atenuar o risco de congestionamento nos aeroportos, a indústria dos transportes aéreos receia que a harmonização entre os países seja imperfeita.
Um profissional do ramo, citado pela AFP, refere que as medidas adicionais de segurança sanitária "eliminaram anos de progresso" na gestão do fluxo, alcançado através da desmaterialização dos bilhetes, check-in online ou sistemas automatizados de controlo de identidade.
Além disso, os controlos dos certificados de teste, os formulários de localização de passageiros e os documentos de quarentena "variam entre pontos de partida e chegada, com base em regras ainda muito diferentes e instáveis em toda a Europa", lembra o chefe-executivo da ACI Europe, Olivier Jankovec.
O responsável do organismo alerta que "o nível de incerteza e complexidade no planeamento da retoma [do tráfego] é ainda surpreendente" e que "cada dia que passa se torna mais real a perspetiva dos viajantes serem afetados por um caos em grande escala".
À AFP, uma fonte aeroportuária francesa, que pediu o anonimato, adiantou contudo, que "vai haver reduções em certos tipos de medidas (...) Esse é o significado do passe sanitário europeu, que permitirá viajar e eliminar toda a fase de controlo sanitário em três quartos dos voos", revelou.
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