Variante inglesa está cada vez mais presente nos países e será dominante a nível global
Variante inglesa está cada vez mais presente nos países e será dominante a nível global
A variante inglesa (B.1.1.7.), inicialmente identificada em Kent, no sul de Inglaterra, já "varreu" o Reino Unido e "vai varrer o mundo, com toda a probabilidade". A antevisão é feita, à BBC, por Sharon Peacock, chefe do programa de vigilância genética do Reino Unido para a covid-19.
Considerada mais transmissível que as variantes anteriores, a estirpe, que foi detetada pela primeira vez em setembro de 2020, já está presente em mais de 50 países e em alguns deles, como Portugal, representa quase metade dos novos casos de covid-19, como anunciou esta quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa.
O governante reconheceu, na conferência de imprensa sobre as medidas de prolongamento do estado de emergência e do confinamento, que a variante inglesa tem tido "uma larga prevalência no número de novos casos" no país, que é "neste momento de 43%". Na região de Lisboa e Vale do Tejo, a zona mais afetada nesta terceira vaga, mais de 50% das novas infeções, nas últimas semanas, terão sido causadas pela variante inglesa.
No final de janeiro, antes de Portugal ter avançado para confinamento geral e decidir fechar as escolas, os especialistas chegaram a apontar que a variante inglesa fosse a mais prevalente no país já em fevereiro. Um estudo do Instituto Ricardo Jorge e do laboratório Unilabs Portugal avançava, à altura, que a estirpe poderia ter uma prevalência de 60% na população infetada, o que, com as medidas restritivas entretanto implementadas, acabou por não se confirmar.
Mesmo assim, o Governo português mostra-se cauteloso sobre esta e outras variantes que têm sido detetadas.
“Ninguém sabe, ninguém pode garantir, nem ninguém pode evitar que novas variantes venham a surgir”, alertou António Costa, reconhecendo que “o número de pessoas a ser vacinadas [nesta fase] será menor do que inicialmente previsto” e que esta fase, "em que há várias novas variantes que exigem cuidado redobrado”.
Em França a variante inglesa representa um quarto das novas infeções
Esta quinta-feira à noite, o ministro da Saúde francês, Olivier Véran afirmou que a variante inglesa representa agora 25% dos novos casos confirmados em França, apesar da tendência de descida de contágios registada no país, nos últimos dias. No entanto, apesar do quadro atual todo o cuidado parece ser pouco quando se fala desta estirpe.
"Os cientistas temem uma nova epidemia se esta variante se tornar dominante", afirmou Véran, acrescentando que o governo decidiria nas próximas semanas se eram necessárias medidas mais restritivas. O ministro da Saúde afirmou também que as outras novas variantes, as do Brasil e da África do Sul representam, respetivamente, 4% a 5% de todos os novos casos rastreados em França.
Especialistas luxemburgueses preocupados
No Luxemburgo, de 19 de dezembro de 2020 a 7 de fevereiro deste ano foram identificadas 114 pessoas contaminadas com a B.1.1.7., de acordo com os dados apontados pelo mais recente boletim semanal do Ministério da Saúde.
Segundo explicou ao Contacto, Paul Wilmes, porta-voz da 'task force' covid-19, os cientistas do país já estão alerta, porque existe a "preocupação de que as estirpes mais recentes possam desencadear uma nova vaga", devido à sua maior transmissibilidade.
A variante inglesa, aliada às interações sociais da população pode desencadear uma terceira vaga no Luxemburgo, com os especialistas a apontar para um potencial "pico em maio", com uma média diária de 600 casos. Se o cenário se confirmar, a descida da curva só irá atingir um nível relativo de estabilidade em setembro.
Trabalho que vai durar 10 anos
No podcast da BBC, a especialista britânica refere que o trabalho de sequenciação de estirpes do SARS-Cov-2 deverá durar pelo menos uma década.
O que realmente nos afeta é a transmissibilidade. Quando o vírus estiver controlado (…) ou quando sofrer mutações para e se tornar menos virulento, então podemos deixar de nos preocupar. Mas, olhando para o futuro, acho que vamos estar a fazer isto durante anos. Ainda vamos continuar a trabalhar nisto por mais dez anos”, considera Sharon Peacock.
No entanto, isso não deverá afetar a eficácia das vacinas. A chefe do programa de vigilância genética do Reino Unido para a covid-19 dá como exemplo o facto de as vacinas aprovadas no país, feitas com base nas variantes anteriores, parecer estar a produzir resultados contra as atuais variantes em circulação no território.
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