Pandemia com impacto sem precedentes na vida das crianças
Pandemia com impacto sem precedentes na vida das crianças
A pandemia está a afetar o bem-estar das crianças, com "repercussões sem precedentes" nas suas vidas. Os adolescentes dos 11 aos 16 anos, as crianças oriundas de meios socioeconómicos desfavorecidos e as raparigas são os grupos mais afetados, segundo um estudo da Universidade do Luxemburgo e da Unicef Luxemburgo, divulgado recentemente.
O relatório "COVID-Kids" entrevistou cerca de 700 crianças, dos 6 aos 16 anos, oriundas de todo o país, entre maio e julho de 2020, de forma a compreender o impacto da pandemia no seu bem-estar subjetivo, assim como as suas experiências diárias e, em particular, o ensino em casa. O estudo incluiu um inquérito online e entrevistas de grupo e as conclusões não são muito animadoras.
Se antes da pandemia o nível de satisfação dos mais novos com a vida rondava os 96%, durante o confinamento caiu para os 67%. Também o seu grau de satisfação com a escola diminuiu, passando de 91% para 76%, no caso dos alunos do ensino fundamental, e de 84% para 62%, no dos do secundário. Ainda sobre o ensino, o inquérito mostrou que 63% das crianças do fundamental considerou estar a lidar bem com o trabalho escolar, ao passo que entre os jovens do secundário essa taxa foi de 44%.
Os investigadores concluíram também que "alguns grupos declararam níveis de bem-estar emocional significativamente mais fracos do que outros". Foi o caso dos adolescentes dos 11 aos 16 anos, das crianças oriundas de meios socioeconómicos desfavorecidos e das raparigas. O estudo constatou por outro lado que as preocupações com a saúde também não passam despercebidas às crianças, com um terço a declarar ter receio de adoecer ou de ver algum familiar doente.
O estudo dedica também um espaço à importância da escola para a saúde dos mais novos. Se o ensino à distância se repetir, os autores do estudo defendem que é importante garantir contactos regulares entre as crianças, assim como entre alunos e professores. Este últimos devem assegurar o acesso ao material pedagógico pelos alunos, dizem os autores do "COVID-Kids".
Especialistas recomendam "estar à escuta" dos mais novos
Outro dos resultados é que, nem sempre, crianças e adolescentes têm sido ouvidos. O relatório realça que "os direitos da criança preveem que as crianças sejam ouvidas", acrescentando que isso não aconteceu sobretudo durante a primeira fase da pandemia, onde "as suas vozes estiveram largamente ausentes nos debates em torno da covid". Daí os autores do estudo insistirem na importância de ouvir os mais novos e encorajá-los a exprimirem as suas preocupações e ideias. Outras das recomendações consiste em dar a crianças e pais acesso a serviços de prevenção e ajuda de forma a promover o seu bem-estar e saúde mental a longo prazo. Bem como criar espaços que garantam a participação dos mais novos e continuar a investir na investigação sobre o impacto da covid-19 no seu bem-estar.
No âmbito do estudo, Uuniversidade do Luxemburgo e a Unicef criaram o site covidkids.lu para ajudar crianças e adolescentes. A página dá também dicas aos pais ajudar a lidar com os problemas relacionados com a saúde mental dos mais novos.
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