O que é uma aplicação de rastreio e como funciona?
O que é uma aplicação de rastreio e como funciona?
Há meses que investigadores e políticos de todo o mundo discutem os benefícios e limites destas aplicações móveis, com vários exemplos a funcionar na Europa. A discussão é em torno da possível invasão da privacidade, quem terá acesso aos dados que recolhe a aplicação, e se estes dispositivos poderão ser eficientes num momento em que a pandemia se agrava.
Como funciona?
As pessoas descarregam a StayAway Covid no seu telemóvel e instalam-na (disponível para iOS e Android). Em Portugal a aplicação é gratuíta e não é, por enquanto obrigatória. Se as pessoas forem diagnosticadas com coronavírus, o médico disponibiliza um código que permite alertar todas as pessoas que tenham a aplicação e que estiveram em contacto próximo, menos de dois metros, e mais de 15 minutos, nas últimas semanas, com a pessoa que se verificou estar infectada. Este alerta é anónimo e não identifica a pessoa que foi diagnosticada com a doença.
Quem é responsável pela informação?
Em Portugal, é a Direcção-Geral da Saúde que será a entidade responsável por garantir que qualquer aplicação respeite as leis europeias e portuguesas, nomeadamente em matéria de proteção de dados. A aplicação está a ser desenvolvida desde março pelo Instituto de Engenharia de Sistemas de Computadores, Ciência e Tecnologia (Inesc Tec), em parceria com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e as empresas Keyruptive e Ubirider.
Como funciona? Que tipo de dados é que a aplicação utiliza?
A aplicação utiliza Bluetooth, uma tecnologia de comunicação sem fios de curto alcance (usada nos smartphones) que permite que aparelhos troquem informação quando estão próximos. A vantagem face a outras tecnologias, como o GPS, é que não são guardados dados sobre por onde andou o utilizador. O telemóvel apenas regista que outros aparelhos com a aplicação estiveram próximos, e se esta proximidade foi perigosa.
São guardados os dados?
Diariamente, os dados não são armazenados e processados num servidor central, mas sim no dispositivo móvel do utilizador. Quando um utilizador é diagnosticado com covid-19, usa o código, dado por um médico, para ativar o envio um alerta anónimo. Nessa altura, os códigos guardados no seu telemóvel nos últimos 14 dias são colocados no servidor, para que sejam conhecidas as pessoas que podem ter sido contagiadas. “A partilha requer o consentimento do utilizador e a legitimação de um médico”, lê-se no site da StayAway Covid.
Estas apps têm eficácia?
Ainda não há dados concretos sobre o sucesso nos vários países em que foram utilizadas. O objetivo é complementar o rastreio de contactos tradicional,numa altura que o surto é maior e que é impossível traçar manualmente todos os contágios. No entanto, só é eficiente se a maioria das pessoas urar a aplicação.
Só se 60% das pessoas instalar a aplicação é que ela funciona?
Em abril, a Comissão Europeia sugeriu, de facto, que pelo menos 60% da população tinha de utilizar as aplicações para estas serem eficientes, citando dados de uma equipa de epidemiologistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido. No entanto, a equipa em questão queixa-se de uma interpretação errada por parte das autoridades. A estimativa surgiu de um cenário hipotético, em que a aplicação de rastreio era a única medida de contenção em vigor. “No Reino Unido, é possível começar a ver benefícios na propagação da infecção a partir de 15% de utilização”, disse ao diário português Público, Christophe Fraser, o epidemiologista que lidera o estudo de Oxford.
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