O meu filho é português ou luxemburguês? O dilema de uma criança nascida no Grão-Ducado
O meu filho é português ou luxemburguês? O dilema de uma criança nascida no Grão-Ducado
Várias pessoas me questionam sobre a nacionalidade do meu filho. É um português nascido no Luxemburgo. Aos 12 anos poderá pedir a nacionalidade luxemburguesa.
Vai chegar o dia em que o Martim me vai perguntar: "sou português ou luxemburguês?". A essa pergunta, como a tantas outras, não vou saber responder. Estranho este sentimento de não se saber bem a que país se pertence.
Nos países que nos acolhem criamos vidas, laços, rotinas. Tornamo-nos embaixadores do 'lá fora é que é bom'. Mas é o hino ou o ouvir falar português que mexem com as nossas entranhas.
Também é um facto que abandonamos o colo, a família, os amigos, o quarto onde crescemos. E para sempre vivemos nesta batalha interna. Onde a saudade em forma de alfinete está lá para nos picar sempre que um familiar fica doente, faz anos, ou sempre que alguém querido celebra um marco de vida.
Mas num país onde há um português em qualquer canto é difícil não se sentir em casa. A língua de Camões é uma presença na vida diária e mesmo em alguns locais e instituições (ainda que com erros.) E se me apetecer comer bacalhau posso fazê-lo aqui e agora.
Emigrar não é fácil e não é para todos. Emigrar deu-me mundo e fez de mim uma pessoa melhor. Mais tolerante. Fi-lo porque quis e não guardo ressentimentos pelo meu país.
Mas, em Portugal sinto saudades do Luxemburgo e no Luxemburgo sinto saudades de Portugal.
Viverá o meu filho no mesmo conflito interno que todos nós, apesar de, ele próprio, já ser fruto desta identidade bipolar?
Há pouco tempo uma amiga que nasceu no Grão-Ducado, filha de pais portugueses, disse-me curiosamente que nunca teve interesse em pedir a nacionalidade luxemburguesa.
Com o meu filho como será?
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