O melhor 'congé parental' é no Luxemburgo
O melhor 'congé parental' é no Luxemburgo
Eu sei que não sou a mãe comum. Preferi ir trabalhar três meses após o nascimento do meu filho. Se me arrependo? De jeito algum. Voltaria a fazê-lo. E talvez o faça se o meu ventre voltar a emprenhar.
Uma das modalidades da licença parental no Luxemburgo permite aos pais trabalhar a tempo parcial durante 20 meses logo após os três meses da licença de maternidade. Leram bem, 20 meses. Quase dois anos.
Durante 20 meses – até o meu filho ter quase dois anos - não trabalhei à sexta-feira à conta do meu 'congé parental'. E não perdi um centavo do meu salário. Fiquei fã.
Esta opção permitiu-me regressar ao trabalho - algo que adoro e preciso como pão para a boca. E poder usufruir de um fim de semana prolongado inteiramente dedicado a ele durante os primeiros dois anos da sua existência.
Além da minha semana laboral de quatro dias, eu fui verdadeiramente feliz durante esse período. Cheia de força, vontade de trabalhar e ao mesmo tempo de 'desligar'- andar descalça no parque, ir a museus, almoçar, passear com ele.
Recentemente percebi o porquê de tanta euforia. Este 'congé' permitiu-me escapar aos primeiros nove duros meses (seis mais os três meses pós-parto) de iniciação à maternidade. Hedonismo ou não, desse tempo só guardo boas memórias.
Mas no Luxemburgo ainda sou uma minoria. Em 2021, 6.050 mães e 3.514 pais optaram pela licença de seis meses a tempo inteiro. A termo de comparação, 1.871 homens e 359 mulheres optaram por tirar um dia por semana durante 20 meses. Curiosamente mais homens optaram pelo 'meu congé' no Grão-Ducado em 2021.
Pelo que ouço a licença parental de seis meses a tempo inteiro nem sempre é a melhor experiência para mães e pais. Pode ser altamente isoladora, negra, depressiva, solitária, numa fase que por si só já é frágil. A somar a isto, quem vive fora não tem forma de deixá-los com os avós por duas horas. São 24 sobre 24 horas, non-stop.
Os primeiros meses e anos de vida das crianças são fulcrais e é o tempo em que eles mais dependem de nós. E é um desafio durante o qual as mães e pais têm de estar física e psicologicamente bem.
Nem sempre o melhor para pais e filhos é necessariamente a licença a tempo inteiro. E não há nenhum mal com isto. É tempo de abraçarmos e assumirmos outras opções sem medos e sem julgamentos.
Há uma grande amiga minha que diz: "Mãe feliz, bebé feliz". E eu não podia estar mais de acordo.
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