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Organismo de paciente terá erradicado vírus da Sida de forma natural
Sociedade 3 min. 17.11.2021 Do nosso arquivo online
Inédito

Organismo de paciente terá erradicado vírus da Sida de forma natural

Micrografia electrónica de vários agentes patogénicos do VIH num paciente.
Inédito

Organismo de paciente terá erradicado vírus da Sida de forma natural

Micrografia electrónica de vários agentes patogénicos do VIH num paciente.
Foto: Hans Gelderblom/Robert Koch Institut/dpa
Sociedade 3 min. 17.11.2021 Do nosso arquivo online
Inédito

Organismo de paciente terá erradicado vírus da Sida de forma natural

Ana B. Carvalho
Ana B. Carvalho
"Combinação de diferentes mecanismos imunitários" pode estar na origem deste feito que impediu naturalmente que o VIH se replicasse, afirmaram os investigadores. Este é o segundo caso inédito no mundo.

Uma equipa internacional de cientistas anunciou ter descoberto uma paciente cujo corpo conseguiu eliminar de forma autónoma o vírus da imunodeficiência humana (VIH), que causa a sida. Se o caso se confirmar, a "Paciente Esperanza" será a segunda pessoa que se acredita ter-se curado do VIH.

Desde 2017 que uma equipa na Argentina e nos EUA tem vindo a estudar a paciente à procura de sinais de que o vírus pudesse estar escondido ou adormecido. No entanto, os cientistas relatam esta semana, na publicação Annals of Internal Medicine, que não encontraram nenhum sinal do VIH na  "Paciente Esperanza" (nome utilizado para proteger a identidade), o que sugere que o próprio corpo terá erradicado o vírus.    

"Isto dá-nos esperança que o sistema imunitário humano seja suficientemente poderoso para controlar o HIV e eliminar todo o vírus funcional", disse à imprensa norte-americana Xu Yu, imunologista do Instituto Ragon de MGH, MIT, e Harvard e uma das autoras do relatório. "O tempo o dirá, mas acreditamos que ela atingiu uma cura esterilizante". A descoberta, previamente anunciada numa conferência médica em março, poderá ajudar a identificar possíveis tratamentos, consideram agora os investigadores.

Apesar de ter sido diagnosticada com o VIH em 2013, a "Paciente Esperanza" (nome da cidade argentina onde residia), nunca apresentou quaisquer sinais da doença. Mesmo os testes tradicionais de identificação não eram totalmente conclusivos sobre a presença do vírus e se este estaria a replicar-se no corpo da paciente. Apenas a presença de anticorpos sugeria que estava infetada. 

A equipa de cientistas analisou amostras de sangue da paciente recolhidas entre 2017 e 2020, assim como o tecido da placenta que foi expelida após ter dado à luz. A análise a milhões de células presentes no sangue e nas amostras de tecido indicou que a mulher esteve infetada com o vírus mas que em determinado momento deixou de possuir células intactas do VIH que fossem capazes de se replicar.  


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Logo após saber que estava infetada, a mulher iniciou na altura um tratamento com antirretrovirais, que acabou por ser interrompido em 2019 quando estava grávida. No segundo e terceiro trimestres da gravidez, a mulher realizou um tratamento com os medicamentos tenofovir, emtricitabine, e raltegravir (também antirretrovirais). Depois de dar à luz um bebé - sem o VIH - abandonou a medicação. 

Primeira cura 'natural' relatada em 2019

A primeira paciente que alcançou tal feito sem a ajuda de transplante celular ou de qualquer outro tratamento, foi a norte-americana Loreen Willenberg, que tinha então 65 anos. O caso remonta a 2019.

A "combinação de diferentes mecanismos imunitários" pode estar na origem deste feito que impediu naturalmente que o VIH se replicasse, afirmou Xu Yu. "Os linfócitos T citotóxidos estão provavelmente envolvidos, e um possível mecanismo imunitário inato também pode ter contribuído", explicou. "Aumentar o número de indivíduos que possam possuir esta cura esterilizadora facilitaria a nossa descoberta de fatores imunitários que originem essa cura numa população mais ampla de pessoas com VIH", elucidou a especialista.  

Xu Yu acrescentou ainda que "no passado já tinha sido observada uma cura esterilizadora para o VIH em dois pacientes que receberam um transplante de medula óssea altamente tóxico", ou seja, com ajuda de tratamento. "O nosso estudo revela que este tipo de cura também pode ser alcançado durante a infeção natural, na ausência de transplantes de medula ou de qualquer tipo de tratamento", explicou Xu Yu, uma das autoras do mais recente estudo à CNN.

Yu acrescentou ainda que exemplos como o de Esperanza e Loreen sugerem que os atuais esforços para encontrar uma cura para o VIH não são em vão e que a perspetiva de alcançar uma futura geração livre do vírus pode ser bem-sucedida".

Segundo a RTP, neste momento, são cerca de 38 milhões as pessoas que vivem com o vírus da imunodeficiência humana. Esta infeção, especialmente quando deixada sem tratamento, pode originar a SIDA, que só no ano passado contribuiu para a morte de 690 mil pessoas em todo o mundo.

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