Marte. Cientistas observam pela primeira vez ondas de areia gigantes em movimento
Marte. Cientistas observam pela primeira vez ondas de areia gigantes em movimento
O português David Vaz, do Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra (CITEUC), de acordo com o Sapo Notícias, integra uma equipa internacional de cientistas planetários que observou o movimento das ondas gigantes de areia em Marte, designadas por megaripples ou megaondulações, durante praticamente uma década. A descoberta é importante porque anteriormente julgava-se que estas estruturas não estavam ativas. Ou seja, acreditava-se que o vento atualmente não conseguiria mover estas partículas de areia grossa.
Como refere David Vaz em comunicado, segundo o Sapo Notícias, “como não existiam evidências de que se movimentavam, acreditava-se que seriam "relíquias" da atividade de ventos mais fortes que terão existido no passado em Marte. No entanto, as nossas observações são bastante conclusivas e contrariam esta visão, ou seja, as megaripples em Marte estão definitivamente ativas”.
Contudo, as observações do fenómeno são complicadas, visto que estas ondas de areia se movem muito lentamente, cerca de 10 centímetros por ano. Só a observação de mais de um milhar destas estruturas sedimentares, através de imagens de alta resolução, obtidas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter, da NASA, em duas regiões de Marte, permitiu chegar a esta conclusão.
O trabalho do investigador português focou-se no processamento das imagens da superfície que foram obtidas pela sonda, aplicando diversas técnicas desenvolvidas anteriormente para medir com grande precisão todos os fluxos dos sedimentos, neste caso, a velocidade de transporte e a quantidade de sedimentos arrastados pelo vento na superfície do planeta vermelho, revela o Sapo Notícias.
Para preparar este estudo, simulando uma situação aproximada, os cientistas dedicaram-se a investigar as megaripples terrestres no deserto marroquino, entre 2017 e 2019, que serviu de preparação para o projeto em Marte. O fenómeno regista-se nos dois planetas, com escalas e velocidades muito diferentes, explica o investigador português.
O estudo conclui que Marte é um planeta bastante ativo do ponto de vista geológico, ainda que com velocidades muito menores que na Terra, mas os processos geológicos continuam a moldar a superfície do planeta, é referido no comunicado.
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