Mais de 90% das famílias do Luxemburgo deitam alimentos para o lixo
Mais de 90% das famílias do Luxemburgo deitam alimentos para o lixo
Apesar de os residentes do Luxemburgo estarem conscientes que o desperdício alimentar é um problema e que deve ser evitado, a prática mostra o oposto. Um inquérito divulgado esta quinta-feira, a propósito do Dia Internacional da Perda de Alimentos e Consciência sobre Resíduos Alimentares, que se assinala a 29 de setembro, revela que 91% dos agregados familiares deitam fora produtos alimentares com maior ou menor regularidade.
Os resultados deste estudo ao comportamento e consumo dos residentes, que foi apresentado pelo ministro da Agricultura, Viticultura e Desenvolvimento Rural, Claude Haagen, e por Tommy Klein, diretor-geral da empresa de estudos de opinião ILRES, mostraram também que 26% dos inquiridos deitam fora pelo menos um tipo de produto alimentar, no mínimo, uma vez por semana.
Famílias com crianças desperdiçam mais
De acordo com a análise, 75% dos desperdícios alimentares provêm das casas particulares, 10% das cozinhas coletivas, 8% dos restaurantes e 7% do comércio.
As famílias inquiridas revelaram estar conscientes do problema dos desperdícios alimentares e bem intencionadas em relação a evitá-lo, mas os desperdícios alimentares continuam a ser muito elevados no Grão-Ducado e não parece ter havido grande alteração nos últimos dois anos.
Mais de metade das famílias (60%) consideram que desde o início da crise da covid-19 não se registaram mudanças na questão dos resíduos alimentares, nem em sentido positivo nem em sentido negativo.
As conclusões do estudo destacam ainda que o desperdício alimentar é maior nos lares com crianças, apontando como principais causas a falta de tempo para planear refeições com antecedência, sobretudo, e o facto de as crianças pedirem muitas vezes mais quantidade de alimentos do que aquela que conseguem comer.
Boas intenções esbarram na falta de informação
Na apresentação do estudo, o ministro Claude Haagen salientou que este desperdício alimentar não resulta propriamente de um comportamento intencional do consumidor, mas antes de ações baseadas em informações inadequadas ou incorretas, relativas a questões como o transporte de produtos frescos do supermercado para o lar, a interpretação das datas de validade, o correto armazenamento dos alimentos ou o sobrestimar a necessidade real de aproveitar promoções.
Segundo o inquérito, 75% dos inquiridos não sabem a definição correta da data de validade. Por outro lado, 84% dos agregados familiares inquiridos acreditam ser importante sensibilizar a população para a redução do desperdício alimentar.
"Este estudo permite-nos compreender os principais fatores por detrás dos resíduos alimentares nos lares, o que é essencial para definir as nossas ações futuras", defendeu Claude Haagen na apresentação, refere o comunicado de imprensa do Ministério da Agricultura, Viticultura e Desenvolvimento Rural.
Combater o desperdício alimentar também em português
Para o ministro, é importante continuar a mobilizar e sensibilizar os cidadãos na luta contra o desperdício alimentar, promovendo um consumo mais responsável e contribuindo, ao mesmo tempo, para o desenvolvimento sustentável.
Por isso, e com o objetivo de chegar ao maior número de consumidores possível o site antigaspi.lu está a ser continuamente atualizado e está disponível em quatro línguas. Além do luxemburguês, francês e inglês, a informação está também em português.
O site vai adicionando novas informações sobre formas de combater o desperdício alimentar, ao mesmo tempo que fixa seis regras de ouro para deitar menos comida fora: comprar de forma inteligente; não interromper a cadeia de frio; entender a data de validade; arrumar corretamente o frigorífico; arrumar corretamente os alimentos; e aproveitar os restos de forma criativa.
São gestos simples mas que permitem "reduzir significativamente e rapidamente a quantidade de comida deitada fora", sublinha o mesmo comunicado.
Campanha a pensar no Natal
O Ministério, que tem vindo a organizar campanhas de sensibilização do público e workshops para crianças desde 2016, pretende intensificar a informação e sensibilização à população, em particular no que respeita à correta interpretação das datas de expiração da validade dos produtos.
Esta campanha deverá arrancar no início em dezembro, mês das festas de Natal e de Ano Novo e que é geralmente considerado um período com um elevado desperdício alimentar.
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