Luxemburgo. Mais dois meses de vida se o ar não fosse poluído
Luxemburgo. Mais dois meses de vida se o ar não fosse poluído
Os efeitos da poluição no ar está a reduzir a expectativa média de vida global, de acordo com o mais recente “Air Quality Life Index” (AQLI) do Energy Policy Institute (EPIC), da Universidade de Chicago. "A poluição tem um impacto comparável ao tabagismo e muito pior do que o do VIH ou terrorismo", alerta o estudo.
Mais de 97% da população mundial vive em áreas onde a poluição do ar excede os níveis recomendados. Para construir um mapa global da poluição, a equipa de especialistas usou dados de satélite para medir os níveis de PM2,5 (partículas em suspensão no ar com diâmetro inferior a 2,5 micrómetros que danificam os pulmões).
De acordo com esse índice, se os níveis globais de PM2,5 fossem reduzidos para cinco microgramas por metro cúbico - recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) - a expectativa média de vida global aumentaria 2,2 anos.
O novo estudo permite, por meio de um mapa interativo, observar a evolução da poluição do ar em cada país ao longo dos anos. Em relação ao Luxemburgo, é possível perceber que a poluição tem vindo a diminuir nos últimos anos. Em 2010, as partículas de PM2,5 tinham um diâmetro de 14,1 mícrons por metro cúbico (μm/m³) contra 7,2 mícrons em 2020, ou seja, praticamente metade. Esses dados dizem respeito a todo o país, com exceção do extremo norte do Grão-Ducado, onde a taxa de PM2,5 está abaixo dos padrões da OMS.
Se o Luxemburgo atendesse aos pedidos da OMS, cada luxemburguês ganharia 0,2 anos de expetativa de vida, ou seja, mais dois meses para viver, defende o AQLI.
Vale pena relembrar que, em 2019, as partículas finas de poluição (PM 2,5) provocaram a morte prematura de 200 pessoas no Grão-Ducado, segundo o último relatório da Agência Europeia do Ambiente sobre o impacto da poluição do ar na Europa, que confirmou a morte prematura de 307 mil pessoas na UE - só em Portugal, morreram 4.900.
Olhando para a vizinha França, o cálculo é semelhante. Os franceses do norte também ganhariam 0,2 anos de expectativa de vida se respeitassem as diretivas da OMS. Já os belgas ganhariam 0,3 anos (três meses) com exceção da província belga de Luxemburgo, na fronteira, onde a poluição é menor do que no resto do país.
Ásia
Sem surpresa, a Ásia é um campeonato à parte no que diz respeito aà poluição atmosférica. Quem mora no sul asiático perdeu cerca de cinco anos de vida, sendo a Índia responsável por cerca de 44% do aumento da poluição do ar no mundo desde 2013.
Os residentes da China poderiam viver em média 2,6 anos a mais se os padrões da OMS fossem atendidos, embora a expectativa de vida tenha melhorado em cerca de dois anos desde 2013, quando o país iniciou uma "guerra à poluição" que reduziu as PM2,5 em cerca de 40%.
De acordo com o estudo da Universidade de Chicago, a poluição do ar tem sido negligenciada como um problema de saúde pública e os fundos alocados para resolvê-la continuam insuficientes.
A Agência Europeia do Ambiente lembrou em novembro do ano passado que a meta do "Plano de Ação de Poluição Zero" é reduzir o número de mortes prematuras devido à exposição a partículas finas em 55% até 2030, em comparação com 2005.
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