Luxemburgo tem embaixada em Dublin pela primeira vez
Luxemburgo tem embaixada em Dublin pela primeira vez
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean Asselborn, fez uma visita de trabalho à Irlanda, a 13 e 14 de setembro, e inaugurou a primeira embaixada luxemburguesa em Dublin.
A cerimónia contou com o momento simbólico de plantar uma rosa, símbolo da união entre os dois países. A flor de eleição do escritor James Joyce. Numa carta a amigos e familiares, o escritor irlandês recordou as suas férias no Luxemburgo, em agosto de 1934: "É uma parte bela, suja e tranquila da velha Europa, coberta de rosas". "No tempo de James Joyce, o Luxemburgo era um importante exportador de rosas", disse Asselborn.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros já considerava instalar uma embaixada ali há muito tempo. "Estávamos a pensar nisso há dez anos", disse o chefe da diplomacia ao ao Luxemburger Wort. Até agora, a embaixada do Luxemburgo em Londres era também acreditada na Irlanda. "Isto funcionou durante muito tempo" e é um modelo comum aos pequenos Estados: a Suécia, a Finlândia e a Noruega, por exemplo, são assistidas pela embaixada do Luxemburgo em Copenhaga; nos outros países escandinavos, existem consulados.
Brexit no caminho
"Depois do Brexit, a decisão foi clara, mesmo que tenha levado algum tempo a implementá-la", lembra o ministro. A partir de 2021, Florence Ensch foi nomeada como a primeira embaixadora do Luxemburgo na Irlanda. Tem agora as instalações oficiais para exercer o cargo.
Existe uma preocupação considerável sobre o Protocolo da Irlanda do Norte, que regula a circulação de mercadorias através do Mar da Irlanda. Uma das questões-chave nas negociações do "divórcio" entre Bruxelas e Londres é como lidar com a fronteira externa da UE, que agora atravessa a ilha da Irlanda. No entanto, graças ao protocolo, não existe uma fronteira "dura" dentro da ilha.
Em vez disso, a Irlanda do Norte tem permanecido no mercado interno da UE para mercadorias. Já as mercadorias entregues a partir da Grã-Bretanha devem ser processadas segundo as normas da UE antes de serem importadas para a Irlanda do Norte.
No mandato de Boris Johnson, Londres introduziu legislação para cancelar o protocolo - uma manobra complicada que equivaleria a uma violação do tratado. "Boris Johnson negociou e assinou ele próprio o protocolo", reiterou Jean Asselborn. "Isto é perigoso, poria em causa todos os acordos sobre Brexit, com todas as consequências que isso implica. As consequências para o comércio, para os migrantes, para as viagens seriam incalculáveis".
Há 2.400 irlandeses a viver no Luxemburgo
Bruxelas está a esforçar-se por não pôr em risco o acordo Brexit. E Dublin anseia por um novo começo com Liz Truss.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros, 150 luxemburgueses vivem na Irlanda e 2.400 irlandeses no Luxemburgo, onde trabalham principalmente para a UE e outras instituições, mas também no setor bancário e na indústria cinematográfica.
Além disso, estima-se que cerca de 150 estudantes luxemburgueses vivem na Irlanda. "Para muitos, já não é possível financiar estudos no Reino Unido. A Irlanda é uma boa alternativa", diz o ministro.
O ministro também visitou o porto de Dublin, onde o grupo luxemburguês de transportes marítimos e logística CLdN Group está ativo. "O porto está a ficar cada vez maior. Toda a logística entre a UE e a Irlanda já não passa pela Inglaterra, passa pela França".
Por exemplo, existem agora novos serviços de ferry entre Cherbourg e Dublin. Para Asselborn, "podemos ver na Irlanda que o Brexit tem sido desfavorável à Grã-Bretanha".
(Este artigo foi originalmente publicado na edição francesa do Luxemburger Wort.)
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