Grão-Ducado quer mais controlos na central de Cattenom
Grão-Ducado quer mais controlos na central de Cattenom
Uma comissão franco-luxemburguesa para a energia nuclear vai reunir-se nas próximas semanas, devido a novos problemas detetados recentemente em reatores da central de Cattenom, em França. A informação foi adiantada esta segunda-feira à revista Delano por um porta-voz do Ministério da Energia, dias depois da central nuclear situada na Moselle, a poucos quilómetros da fronteira do Luxemburgo, ter anunciado que um reator teria de ser inspecionado e iria ser encerrado no próximo ano para esse efeito.
Este é o segundo reator com problemas no espaço de apenas algumas semanas após o encerramento do reator 3 da central, devido a suspeita de corrosão. Mais recentemente, foi a unidade de produção 1 a apresentar problemas, segundo revelou a empresa de energia francesa EDF, numa nota publicada no passado dia 19 de maio.
O caso agora identificado prende-se com perturbações nos tubos do circuito de injeção de segurança do reator, que são utilizados para arrefecer o núcleo da unidade de produção no caso de um incidente.
Estes tubos só serão verificados em 2023, já que a EDF considera que "não é necessário antecipar novos encerramentos de reatores para efetuar estas verificações".
O encerramento intermédio do reator 1 será programado para o primeiro trimestre de 2023 e poderá ser distribuído ao longo de 25 semanas, de acordo com a empresa de energia.
Decisão da central surpreende Greenpeace
Esta decisão de não encerrar esta parte do complexo é descrita como "surpreendente" por Roger Spautz, ativista nuclear da Greenpeace France e do Luxemburgo, considerando a sucessão de problemas na central e o curto tempo de intervalo com que aconteceram.
"A Autoridade de Segurança Nuclear (ASN) e a EDF tinham recentemente tentado tranquilizar, afirmando que as verificações durante as terceiras inspeções decenais [de dez em dez anos] dos reatores 1 e 2 não tinham revelado quaisquer elementos que pudessem assemelhar-se a rachaduras por corrosão sob tensão", disse a ONG num comunicado de imprensa publicado no dia seguinte ao anúncio e citado pela edição francesa do Luxemburger Wort.
Atualmente, refere este jornal, 12 dos 56 reatores que compõem os complexos nucleares franceses estão a ser encerrados ou a ver prolongadas as suas paragens para serem efetuadas verificações e, se necessário, reparações. Os problemas de corrosão identificados nos mais recentes casos podem, se não forem contidos, causar fissuras, e assim tornar o sistema de segurança inoperacional.
A EDF apresentou à ASN um plano de encerramento totalmente seguro dos seus reatores, "mesmo no caso de haver perda de duas das quatro linhas dos circuitos de injeção de segurança".
No entanto, esta sucessão de anúncios reforça as preocupações do governo luxemburguês, que se tem manifestado de forma recorrente a favor do encerramento da central de Cattenom. Embora estivesse previsto ser encerrada entre 2023 e 2031, a sua atividade foi prolongada até 2035.
Segundo referiu o porta-voz do Ministério da Energia à Delano, o ministro Claude Turmes (déi Gréng) vai insistir para que todos os reatores sejam verificados quanto a sinais de corrosão. "Faremos pressão para que tudo seja verificado", disse o porta-voz.
Recorde-se que a central realizou nos passados dias 11 e 12 de maio um simulacro de acidente nuclear, um exercício de segurança nuclear e civil que funciona como teste e acontece a cada cinco anos em todas as centrais nucleares francesas. O Alto Comissariado para a Proteção Civil do Luxemburgo, a Divisão de Proteção contra as Radiações da Direção da Saúde, a Corporação Grã-Ducal de Incêndio e Socorro e o Gabinete de Comunicação de Crise participaram na ação.
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