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Já chega, Kanye. Dos comentários antissemitas ao fim de parcerias milionárias
Sociedade 2 3 min. 25.10.2022
Antissemitismo

Já chega, Kanye. Dos comentários antissemitas ao fim de parcerias milionárias

Kanye West na Semana da Moda de Paris, a 17 de outubro de 2022.
Antissemitismo

Já chega, Kanye. Dos comentários antissemitas ao fim de parcerias milionárias

Kanye West na Semana da Moda de Paris, a 17 de outubro de 2022.
Foto: Julien de Rosa/AFP
Sociedade 2 3 min. 25.10.2022
Antissemitismo

Já chega, Kanye. Dos comentários antissemitas ao fim de parcerias milionárias

Ana Patrícia CARDOSO
Ana Patrícia CARDOSO
Nem George Floyd escapou. O rapper norte-americano tem feito comentários antissemitas que estão a chocar, ditando também o fim de colaborações que lhe renderam uma fortuna de muitos milhões.

Kanye West - agora Ye - já foi considerado o maior rapper de sempre, um génio da música ou um visionário. Nos últimos tempos, essa imagem parece cada vez mais coisa do passado cada vez que Ye diz algo em público.

Não é de hoje que o músico norte-americano faz comentários polémicos. Já interrompeu discursos em prémios, considerou-se um deus, candidatou-se a Presidente da República, ofendeu publicamente a ex-mulher, Kim Kardashian, entre outros devaneios. Chegou a admitir que sofria de bipolaridade e que precisava de medicação, como forma de desculpar alguns comportamentos.

Mas nas últimas semanas, o debate atingiu proporções nunca antes vistas, com consequências reais para o artista e as marcas que representa.

Alguns exemplos. Ye afirmou que a Planned Parenthood, a principal organização que fornece cuidados de saúde reprodutiva nos Estados Unidos, foi criada inicialmente criada por simpatizantes do Ku Klux Klan para "controlar a população judaica". Acrescentou ainda que os negros "são os verdadeiros judeus", uma ideia que surgiu em finais do século XIX, tendo sido utilizada para promover o antissemitismo. "As pessoas conhecidas como pertencendo à 'raça negra' são descendentes das 12 tribos, do sangue de Cristo. É nisto que acredito". 

Os vídeos 360 não têm suporte aqui. Ver o vídeo na aplicação Youtube.

Garantiu também que prefere que os seus quatro filhos com Kim Kardashian festejam o Hanukkah, celebração judaica comparável ao Natal, porque "com isso, viria uma certa engenharia financeira", reafirmando a ideia antissemita de que os judeus controlam a banca dos Estados Unidos. 

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George Floyd na mira

No início de outubro, Kanye West foi criticado por usar uma camisola com a inscrição "White Lives Matter" (Vidas Brancas Importam), que exibiu na Paris Fashion Week.

O slogan, que é uma alusão oposta ao movimento #BlackLivesMatter, criado após o homicídio de George Floyd, não passou despercebido, sobretudo, depois das afirmações do rapper sobre os acontecimentos. 

Kanye acredita que não foi a polícia de Minneapolis que causou a morte de Floyd, em maio de 2020, mas o consumo de drogas. "Estava drogado com fentanil. Se olharem bem para as imagens, o joelho do polícia nem sequer estava bem em cima do pescoço", disse em declarações à revista Rolling Stone. O polícia Derek Chauvin foi condenado em tribunal pelo homicídio do norte-americano. 

Esta é uma reviravolta inesperada para a própria família Floyd que, segundo a publicação americana, se sente "traída", uma vez que tinha sido Kanye que criou um fundo para pagar a faculdade da filha de George. Perante as acusações, os familiares vão exigir uma indemnização no valor de 250 milhões de dólares (254 milhões de euros), de acordo com a Rolling Stone. 

Com uma grande legião de fãs, algumas destas palavras parecem legitimar comportamentos extremistas de internautas nas redes sociais:

A própria ex-mulher, Kim, já condenou várias destas declarações, a par com outras figuras públicas como a atriz Amy Schumer, que demonstrou solidariedade com a comunidade judaica num post recente no Instagram: 

Afastamento em massa

Perante a gravidade dos comentários recentes, os negócios de Kanye estão já a sofrer retaliação. 

Depois da Gap ,Balenciaga, Kering, foi a vez da Adidas cortar laços com o músico, após a pressão para a gigante do desporto se posicionar contra os comentários antissemitas. Tudo depois de Kanye ter referido num podcast: "posso fazer comentários antissemitas e a Adidas não pode afastar-me. E agora?".

A decisão da Adidas, que deverá tornar-se pública ainda esta semana, segue-se a semanas de deliberações dentro da empresa, que durante a última década construiu a linha Yeezy (de Kanye), que representa até 8% das vendas totais da marca. 

Dono da sua rede social

Foto: AFP

O rapper americano disse na segunda-feira que pretende comprar a rede social Parler, particularmente popular entre os conservadores nos Estados Unidos e apoiantes de Donald Trump. "Num mundo em que as opiniões conservadoras são consideradas controversas, temos de nos certificar de que temos o direito de nos expressar livremente", escreveu recentemente nesta rede.

Segundo o jornal Politico, Kanye falou ao telefone com Donald Trump e os dois planearam jantar em breve. O rapper disse à Bloomberg que convidaria o político a juntar-se à Parler, e que ele próprio queria entrar na Truth Social, a rede social lançada pelo ex-presidente americano.

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