Igreja luxemburguesa recebeu 11 denúncias de abusos sexuais por padres em 2021
Igreja luxemburguesa recebeu 11 denúncias de abusos sexuais por padres em 2021
A arquidiocese do Luxemburgo divulgou esta terça-feira o relatório anual dos casos de abusos cometidos por padres, outros religiosos ou trabalhadores da Igreja, denunciados através da linha de apoio a estas vítimas.
Assim, em 2021, 11 vítimas contactaram a linha telefónica de apoio "Cathol" revelando ter sido abusadas sexualmente no seio da Igreja Católica há várias décadas atrás. Mais concretamente, os abusos aconteceram entre 1940 e 2009 quando as vítimas ainda eram menores de idade, indica o relatório.
As acusações dos oito homens e três mulheres recaíram sobre 10 padres ou religiosos e um funcionário externo à Igreja, como os autores da violência sexual.
De acordo com o documento da arquidiocese do Luxemburgo, uma das vítimas já era adulta à altura dos abusos, "sendo considerada uma pessoa vulnerável".
O Centro de Assistência para Vítimas de Transgressões Sexuais e Físicas, da Arquidiocese - ao qual pertence a 'hotline' "Cathol", por telefone e email - analisou todos os testemunhos feitos no ano passado, tenho indemnizado três vítimas. A estas pessoas foram atribuídos "subsídios como reconhecimento dos sofrimentos infligidos às vítimas de violências sexuais no domínio da Igreja", pode ler-se.
Estas indemnizações são atribuídas quando as situações de abusos já prescreveram perante a justiça, não podendo as vítimas apresentar queixa nos tribunais.
Todos os casos assinalados em 2021 foram apresentados ao Ministério Público pelo vigário geral, Patrick Muller, lê-se no relatório.
Investigação independente?
Poderá a Igreja do Luxemburgo realizar uma investigação independente sobre os abusos sexuais a menores na sua comunidade, tal como tem vindo a acontecer na Europa?
O assunto está a ser ponderado tal como declarou ao Contacto o porta-voz da arquidiocese do Luxemburgo.
"A posição atual da Igreja Católica no Luxemburgo é que um estudo semelhante ao de Munique ou Colónia não é excluído em princípio. A arquidiocese está a estudar as possibilidades e irá coordenar-se com as dioceses vizinhas", declara ao Contacto Gérard Kieffer, porta-voz da Arquidiocese.
Estas investigações alemãs, tal como a que decorreu a nível nacional em França e está a realizar-se agora em Portugal, foram todas solicitadas pela Igreja Católica e desenvolvidas por especialistas com total independência. Todas revelaram centenas ou mesmo milhares de crianças e adolescentes vítimas de abusos cometidos por outras tantas centenas de membros do clérigo ou trabalhadores da Igreja durante várias décadas até à atualidade.
Gérard Kieffer recordou também que o vigário geral Patrick Muller, responsável pelo dossier na arquidiocese, já tinha se "expressado positivamente sobre a criação de um ponto de contacto independente e neutro para casos de abuso em instituições com crianças e adolescentes no Luxemburgo".
Aumento de casos
Em 2021 houve um aumento de casos denunciados de violência sexual por membros da Igreja, em relação aos dois anos anteriores. Em 2020, apenas duas vítimas, ambas do sexo masculino, contactaram este serviço especializado da arquidiocese. As agressões que tiveram lugar entre 1960 e 1969 foram cometidas por três sacerdotes/religiosos e outra pessoa, segundo denunciaram. "Uma outra pessoa denunciou ter sido vítima de violência física e psicológica por parte de uma mulher religiosa". Estas três vítimas receberam indemnizações, relativas a casos comunicados em 2018 e 2019.
Em 2020, um padre do Luxemburgo foi proibido de exercer o ministério sacerdotal em público, bem como de estar sozinho com menores, após a conclusão de um processo.
E em 2019, seis vítimas a recorreram à hotline "Cathol" para denunciar abusos sexuais cometidos quando todas tinham entre seis e 12 anos, entre 1940 e 1979. Três "sacerdotes ou religiosos" e uma outra pessoa foram identificadas como perpetradores. Foi também a partir deste ano que a arquidiocese passou a divulgar anualmente as denúncias das vítimas e as respetivas indemnizações.
Entre 2011 e 2018, um total de 24 vítimas contactou este serviço. Antes, em 2010, ano em que estes meios de apoio entraram em atividade, 109 pessoas denunciaram ter sofrido atos de violência no seio da Igreja, 39 das quais denunciaram mesmo abusos sexuais.
As vítimas que contactam a linha telefónica direta são atendidas pela psicóloga Martine Jungers, também ela responsável pelo tratamento da correspondência eletrónica.
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