Gémeos siameses unidos pelo crânio separados com sucesso no Brasil
Gémeos siameses unidos pelo crânio separados com sucesso no Brasil
Artur e Bernardo Lima, de três anos e meio, nasceram gémeos siameses unidos pelos crânios, no Rio de Janeiro, Brasil. A maior parte das suas vidas foi passada num Hospital do Rio de Janeiro, numa cama especial. Unidos, mas sem poderem olhar um para o outro. Agora, finalmente podem olhar-se nos olhos, graças a uma complicada e longa maratona de cirurgias de separação dos dois meninos, que decorreram com sucesso.
Esta foi a "cirurgia mais complexa" de separação de siameses já realizada no mundo, anunciou a equipa médica do Hospital do Rio de Janeiro, explicando que os gémeos foram submetidos a múltiplas operações até à separação final.
Um caminho para o sucesso possível graças ao recurso de um sistema de realidade virtual. A mãe, Adriely Lima, chorou de alívio após a separação: "Vivíamos no hospital há quatro anos", declarou feliz.
"Foi sem dúvida a operação mais complexa da minha carreira", admitiu à AFP o neurocirurgião Gabriel Mufarrej, do Instituto Cerebral Paulo Niemeyer (IECPN), pertencente ao hospital onde decorreram as cirurgias.
A separação dos dois irmãos foi possível graças à colaboração da associação Gemini Untwined, com sede em Londres, de angariação de fundos para a investigação das cirurgias de separação de gémeos siameses unidos pelos crânios.
Também os neurocirurgiões desta associação descreveram todo o processo cirúrgico como o "mais complexo" de sempre, uma vez que os irmãos partilhavam vários vasos sanguíneos vitais.
"No início, ninguém pensava que sobreviveriam. Agora, já é histórico que ambos foram salvos", vincou o neurocirurgião, acrescentando que Artur e Bernardo ainda têm "uma longa convalescença" pelo caminho, durante a qual continuarão internados. "Ainda não sabemos até que ponto eles serão capazes de viver uma vida normal", explicou Gabriel Mufarrei.
Uma nova esperança
No total, os gémeos foram submetidos a nove cirurgias, incluindo uma operação de 13 horas que foi realizada a 7 de junho, e uma outra cirurgia ainda mais longa de 23 horas no dia seguinte.
Na preparação para as intervenções, a equipa médica que contou com mais de uma centena de especialistas utilizou um sistema de realidade virtual de última geração que lhes permitiu analisar e reconstruir a anatomia dos dois irmãos durante a cirurgia.
Esta separação cirúrgica foi algo digno "da era espacial", descreveu o neurocirurgião britânico Noor Ul Owase Jeelani, do instituto Gemini Untwined.
"É maravilhoso poder observar a anatomia antecipadamente e realizar a operação sem pôr em risco a vida das crianças", acrescentou. "Nem imagina como esta possibilidade é reconfortante para os cirurgiões", admitiu à agência PA.
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