Fala inglês? A linha telefónica juvenil precisa de si
Fala inglês? A linha telefónica juvenil precisa de si
A linha telefónica e online de apoio a crianças e pais no Luxemburgo, Kanner Jugend Telefon (KJT), está à procura de voluntários que possam integrar a sua equipa de língua inglesa.
Desde a sua criação em 1992, na sequência da ratificação dos direitos das crianças no Grão-Ducado, a KJT recebeu cerca de 30.000 chamadas. Inicialmente, foi concebida para dar voz às crianças, mas posteriormente cresceu para apoiar os pais e uma crescente comunidade anglófona.
A porta-voz da organização, Lynn Frank, disse que "inicialmente era importante que os jovens tivessem alguém que os ouvisse, com quem pudessem falar sobre o que se estava a passar nas suas vidas. Era, e continua a ser, um espaço seguro".
"Acreditamos que todos têm o direito de decidir como vivem as suas vidas", referiu Frank. "A forma como lidamos com os jovens e os pais é com respeito e tolerância. Podemos dar conselhos e sugestões para mais ajuda, mas em última análise cabe a quem liga decidir o que vai fazer."
Crianças, jovens adultos e pais que estejam a enfrentar alguma dificuldade podem contactar a KJT.lu através de uma linha telefónica específica, 116 111 para crianças e 26 64 05 55 para pais (em francês, luxemburguês e alemão), ou online, que é atualmente o único método disponível para quem fala inglês. Mais recentemente, a organização acrescentou uma área de conversação entre pares, dirigida por voluntários com idades entre os 18 e os 25 anos com o apoio de um supervisor de conversação.
Voluntários recebem formação de 70 horas
Carmen Weyer, do KJT.lu, explicou que as pessoas podem contactar a organização para questões desde adição, comportamento autodestrutivo, questões psicossociais, ou outras relacionadas com a família, amigos e pares, relacionamentos, violência ou bullying, abuso, ou situações mais específicas.
Em 2022, houve 317 chamadas de crianças, 407 pedidos de ajuda online em francês e alemão, e 112 em inglês. Os pais fizeram 148 chamadas, e a conversação entre pares atraiu mais 94 contactos. "Durante o confinamento, assistimos a um forte aumento da intensidade dos temas dos jovens em todas as secções linguísticas. Vimos muito mais questões de relacionamentos e crise e pensamentos suicidas, com muito mais repetição de contactos", observou Frank.
As chamadas e conversas online podem durar entre 10 minutos a uma hora, embora em situações complexas um pai ou mãe ou uma criança possa fazer mais do que uma chamada.
Cerca de 70 pessoas trabalham como assistentes voluntários nas equipas da KJT. Inicialmente são treinados para atender a linha telefónica, e logo que adquirem experiência, recebem formação adicional para cobrir a interação online. Os voluntários da secção em inglês recebem cerca de 70 horas de formação (realizada à noite e aos fins-de-semana) que engloba preparação para chamadas e interação online. Os voluntários também aprendem sobre as redes de apoio no Luxemburgo, para que possam dar mais informações a quem telefona.
Segundo Frank, a KJT lida principalmente com "pessoas que precisam de alguém com quem falar confidencialmente. Cultivamos a sua confiança para que possam contactar um adulto na sua rede de apoio, com quem se sintam seguros, se houver um problema na sua família mais próxima, talvez um professor de confiança ou um familiar mais distante. Falamos também com eles sobre coisas que podem fazer ou organizações que podem contactar. Boa parte do trabalho consiste em desenvolver a confiança para dar os próximos passos, mas em última análise, a escolha é da pessoa que telefona."
Informação é enviada às autoridades nacionais
"Estamos à procura de pessoas abertas, com boa capacidade de escuta e que tenham interesse nos jovens e nos pais. Precisam de ser flexíveis nos seus pensamentos e de ter uma mente aberta", precisou Frank. Para além da formação, os voluntários são totalmente apoiados assim que começam a trabalhar no KJT.lu, e "nunca estão sozinhos, há sempre um supervisor para apoiar uma equipa e ajudá-los a avaliar a urgência de uma situação".
Há um processo de seleção antes da inscrição na formação, para salvaguardar alguns aspetos e verificar se o voluntário é psicologicamente resistente. A formação é educativa, abrange o desenvolvimento infantil, a forma como se escuta, que é diferente online, e incorpora competências de aconselhamento.
Weyer salientou que os voluntários podem ser jovens adultos ou pais. "As pessoas podem usar as suas experiências de vida, mas é importante ter empatia, imaginar o que a criança ou os pais estão a passar".
A KJT.lu também incorpora a Bee Secure para promover a utilização segura da Internet. No ano passado, a linha telefónica (8002 1234) foi contactada 400 vezes, e cerca de 4.300 pessoas denunciaram a existência de material relacionado com abuso sexual de crianças, racismo, discriminação e discurso de ódio, burlas, e terrorismo ou radicalismo. A informação é enviada às autoridades nacionais e, em alguns casos, à Interpol.
(Artigo originalmente publicado no Luxembourg Times e adaptado para o Contacto por Maria Monteiro.)
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