Encomendas de pílulas abortivas pelo correio aumentam 160% nos Estados Unidos
Encomendas de pílulas abortivas pelo correio aumentam 160% nos Estados Unidos
Desde que o Supremo Tribunal dos EUA revogou o direito federal ao aborto, em junho, mais mulheres norte-americanas têm recorrido ao pedido de envio pelo correio de comprimidos de aborto a partir do estrangeiro, afirma um estudo publicado na passada terça-feira.
A investigação, publicada na revista científica JAMA, analisou o número de pedidos do serviço de telemedicina baseado em taxas Aid Access, que prescreve e envia por correio comprimidos de aborto do estrangeiro em 30 estados norte-americanos.
Este serviço opera fora do sistema de saúde dos EUA e foi concebido especificamente para contornar proibições locais ou dificuldades de acesso, permitindo que as mulheres seguissem com a interrupção voluntária da gravidez em casa.
Desde o final de junho, quando alguns Estados tornaram o aborto ilegal ou restringiram-no severamente, os pedidos dispararam. Antes do acórdão do Supremo Tribunal, o Aid Access recebia em média 83 pedidos por dia. Dois meses depois, esse número tinha saltado para 213 por dia, um aumento de cerca de 160%.
O aumento foi maior no Louisiana, Mississippi, Arkansas, Alabama e Oklahoma. Estes Estados proibiram completamente os abortos.
As razões desta procura? As "restrições legais atuais", disseram as mulheres que procuram este serviço, num questionário que preenchem no momento da candidatura.
O estudo não teve em conta outras formas de acesso a estes comprimidos abortivos, que estão facilmente disponíveis em sites comerciais - mas sem supervisão médica.
Tempo de viagem
Outro estudo, também publicado na terça-feira na revista JAMA, analisava o tempo de viagem das mulheres norte-americanas a uma clínica de aborto.
O tempo médio do percurso era de 28 minutos, antes da decisão do Supremo Tribunal. Depois, aumentou para uma hora e 40 minutos. Nos Estados com uma proibição total do aborto ou um limite de seis semanas de gravidez, o aumento médio no tempo de viagem foi de quatro horas, de acordo com os mesmos dados.
A falta de acesso a uma clínica de aborto é um problema maior "para as pessoas que não se podem dar ao luxo de viajar", lê-se no estudo.
Nos 100 dias após a decisão do Supremo Tribunal, pelo menos 66 clínicas deixaram de realizar abortos, de acordo com um relatório do Instituto Guttmacher do início de outubro.
*Com AFP
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