Em França, 11 milhões de pessoas confessam sentir solidão
Em França, 11 milhões de pessoas confessam sentir solidão
Cerca de 11 milhões de pessoas em França (20% sentem-se sós e 80% sofrem com isso) são afetadas pela solidão, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira.
Mesmo uma "vida social preenchida" não os protege contra o sentimento de solidão, insistem os autores do relatório sobre "fragilidade relacional", publicado pela Fondation de France, a propósito do Dia Mundial da Solidão.
Entre as pessoas que fazem parte de pelo menos duas "redes de sociabilidade", ou seja, convivem com familiares que não vivem sob o mesmo teto, amigos, vizinhos, colegas de trabalho ou uma associação, a taxa de solidão é de 17%. Alguns estão de facto "objetivamente rodeados mas sentem que a qualidade e natureza dos laços são insuficientes ou são mesmo uma fonte de sofrimento".
O dinheiro influencia a solidão? Sim
Pobreza e solidão estão relacionadas. Quanto mais pobre se é, mais frágeis se tornam os laços sociais, segundo o estudo, que se baseia num inquérito a uma amostra de cerca de 3.400 pessoas e em entrevistas mais longas com pessoas apoiadas por associações.
Quem fica em casa (sobretudo, mulheres) ou quem não tem qualificações, está também mais susceptível a sentire-se isolado, uma vez que "o trabalho doméstico a tempo inteiro acentua o sentimento de afastamento do mundo social" e "os empregos pouco qualificados (...) têm pouco valor acrescentado em termos de relações", pode ler-se no relatório.
A solidão está também mais presente entre os progenitores solteiros (muitas vezes, mães), ou pessoas que vivem ou viveram em casas de assistência social ou na prisão, por exemplo.
A importância de reconhecer a solidão
O fenómeno pode ser agravado pelas dificuldades de certos grupos, como por exemplo os idosos, em dominar as ferramentas digitais.
O "sobreconsumo" das redes sociais tem um efeito negativo na perceção da solidão: "Carole tem 282 amigos, 221 seguidores, 325 contatos profissionais, mas ninguém para a apoiar num momento difícil", resume a associação especializada Astrée, citada no relatório.
No entanto, este é um assunto ainda longe de se tornar confortável para muita gente. "É difícil definir-se como estando sozinho", diz Elisabeth, 57 anos, divorciada, desempregada e participante no estudo.
Como forma de os encorajar a "falar sobre isso e a pedir ajuda", é necessário "desestigmatizar" a solidão, falar sobre ela e perceber que está enraizada na sociedade.
Os autores do estudo esperam conseguir encorajar as pessoas, nomeadamente os participantes, a promoverem uma "emancipação" e "participação" ativa na própria vida.
Com AFP*
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