E.coli em pizzas Buitoni. França abre investigação por "homicídio involuntário"
E.coli em pizzas Buitoni. França abre investigação por "homicídio involuntário"
O Ministério Público de Paris disse, esta sexta-feira, que tinha iniciado investigações após vários casos graves de contaminação de crianças pela bactéria Escherichia coli (E.coli), com algumas delas a resultarem em mortes, possivelmente ligadas ao consumo de pizzas congeladas da marca Buitoni.
Segundo a agência AFP, a abertura desta investigação, nomeadamente por "homicídio involuntário", "engano" e por "pôr terceiros em perigo", foi confirmada pelo organismo dois dias depois das autoridades sanitárias terem anunciado que tinham estabelecido uma ligação entre o consumo destas pizzas e casos graves de contaminação.
Esta investigação, confiada à unidade de saúde pública do Ministério Público de Paris, que tem jurisdição nacional, foi aberta no dia 22 de março.
A investigação diz respeito aos delitos de "engano de mercadorias, exposição ou venda de produtos alimentares corrompidos ou falsificados prejudiciais à saúde, colocação no mercado de produto prejudicial à saúde, perigo de terceiros, lesões involuntárias e homicídio involuntário".
Entidades como o Gabinete Central de Luta contra as Violações Ambientais e de Saúde Pública (Oclaesp, na sigla em francês), a Direção Geral da Gendarmerie Nacional, o Departamento de Investigação da Direção Geral da Concorrência, Consumo e Controlo de Fraudes (DGCCRF) e a Brigada Nacional de Investigação Veterinária e Fitossanitária (BNEVP) do Ministério da Agricultura também participam na investigação.
A França tem vindo a sofrer um recrudescimento de casos de síndromes hemolíticas urémicas (HUS) ligadas à contaminação por E. coli desde finais de fevereiro. Na quarta-feira, as autoridades de saúde afirmaram que 75 casos estavam a ser investigados, incluindo 41 para os quais foram identificadas síndromes hemolíticas urémicas "semelhantes", e 34 para os quais estão em curso mais testes.
Morte de duas crianças em investigação
De acordo com vários meios de comunicação e informações obtidas pela AFP, foram apresentadas queixas em vários tribunais judiciais em França relacionadas com casos deste género. Duas crianças morreram, embora a ligação às pizzas daquela marca não tenha sido ainda confirmada.
Apesar disso, análises já feitas "confirmaram uma ligação entre vários casos e o consumo de pizzas congeladas da gama Fraîch'Up da marca Buitoni contaminada com a bactéria E.coli", anunciou a Direcção-Geral da Saúde numa declaração na quarta-feira.
A detentora da marca de pizzas também revelou estar a investigar a situação. "Não compreendemos o que poderá ter acontecido, mas vamos desenvolver um protocolo de análise que iremos submeter às autoridades", disse Jérôme Jaton, diretor-geral industrial da Nestlé, numa conferência de imprensa na quarta-feira, citado pela AFP.
Mesmo antes dos resultados das análises, as autoridades sanitárias consideraram "possível" a ligação entre estas contaminações e as pizzas da gama Fraîch'Up . Sem esperar, lançaram uma recolha das pizzas a 18 de março, pedindo aos consumidores que as deitassem fora se tivessem alguma nos seus congeladores.
Também o ministério de Saúde do Luxemburgo iniciou os “trabalhos de monitorização” dos produtos nessa data, com a retirada de 6.318 unidades do mercado. “Toda a gama Fraîch’Up (4 Queijos, Bolonhesa, Royale, etc) da Buitoni está afetada no Luxemburgo”, foi referido.
Por sua vez, a Autoridade de Segurança Alimentar publicou um alerta no seu website com informação sobre os lotes e códigos de barras das pizzas que não devem ser consumidas.
A Nestlé encerrou, entretanto, duas linhas de produção localizadas em Caudry, França, que fabricam estas pizzas congeladas. Nesta fábrica, foram recolhidas 75 amostras "todas negativas", disse na quinta-feira o diretor-geral de comunicação da Nestlé França, Pierre-Alexandre Teulié. "A prioridade é encontrar a causa da contaminação".
(Com AFP)
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