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Diocese de Münster. Cinco por cento dos padres acusados de abusos sexuais
Sociedade 13.06.2022 Do nosso arquivo online
Alemanha

Diocese de Münster. Cinco por cento dos padres acusados de abusos sexuais

Felix Genn, Bispo de Münster
Alemanha

Diocese de Münster. Cinco por cento dos padres acusados de abusos sexuais

Felix Genn, Bispo de Münster
Foto: Guido Kirchner/dpa
Sociedade 13.06.2022 Do nosso arquivo online
Alemanha

Diocese de Münster. Cinco por cento dos padres acusados de abusos sexuais

Redação
Redação
Mais de seis centenas de crianças terão sido abusadas sexualmente por membros desta diocese alemã, segundo um relatório. Mas número de vítimas reais "deve ascender aos seis mil", dizem peritos.

De acordo com um relatório independente divulgado nesta segunda-feira, em 75 anos (de 1945 a 2020), 610 crianças foram abusadas sexualmente por membros do clérigo na diocese de Münster.

Os dados reunidos por cinco peritos da Universidade de Münster na Alemanha dão conta de cerca de 200 padres envolvidos, cerca de 4,97% do total da diocese. 90% deles nunca foram processados. 

Nas décadas de 1960 e 1970, eram cometidos em média dois abusos sexuais por semana nesta diocese, segundo a equipa da Universidade.

Um dos autores, Klaus Grosse Kracht, chamou ao relatório uma "avaliação assustadora" e confirma que foram feitos esforços para encobrir sistematicamente o abuso sexual. "Encobriram, ficaram em silêncio e só intervieram de forma superficial quando se tratava de evitar um escândalo público", afirmou. 

Para Natalie Powroznik, coautora, o número real de vítimas deve ser oito a dez vezes superior. "Cerca de 5.000 a 6.000 raparigas e rapazes" foram sexualmente abusados, avança.  

Não é um escândalo isolado. O sistémico abuso sexual na Igreja Católica que afetou a Alemanha, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, tem vindo a ser denunciado. Na arquidiocese de Freising, entre 1945 e 2019, pelo menos 497 pessoas (na maioria, rapazes) tinham sido agredidas sexualmente, de acordo com um relatório publicado em janeiro. 


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Os autores do relatório acusaram Bento XVI de inação perante tamanha violência sexual e de nada ter feito em vários casos para impedir o abuso de crianças. Na altura, o pontífice emérito reiterou que nunca tinha encoberto nenhum ato de abuso sexual. 

 Outro relatório condenatório, publicado em março de 2021, revelou que centenas de menores tinham sido abusados sexualmente na diocese de Colónia, a maior do país, entre 1975 e 2018. 

Em 2018, vários investigadores universitários, financiados pela Igreja mas sem acesso aos arquivos, elaboraram um relatório alarmante: pelo menos 3.677 crianças foram vítimas de violência sexual em toda a Alemanha, entre 1946 e 2014.

(Com agências)

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