Desemprego das mulheres dispara durante a pandemia
Desemprego das mulheres dispara durante a pandemia
As mulheres foram uma das principais vítimas da pandemia. “O número de trabalhadoras na força de trabalho sofreu uma redução de 7%, quando comparado com o período antes da pandemia”, pode ler-se no relatório “Covid-19 e Igualdade de Género”, elaborado pelo Instituto de Investigação socioeconómica do Luxemburgo (Liser).
A situação de partida já não era boa. “Mesmo antes da pandemia, as mulheres nos países desenvolvidos ocupavam frequentemente empregos mais precários, com salários mais baixos”, saliente o relatório. Agora tudo piorou.
O estudo revela que no Luxemburgo elas perderam mais o emprego que eles. Mas o principal problema é que, mesmo depois do fim da pandemia, as taxas de desemprego das mulheres continuam elevadas, enquanto nos homens o desemprego voltou aos indicadores anteriores à crise. Também as situações de desemprego temporário “são mais frequentes nas mulheres, permanecendo elevadas mesmo depois do fim da pandemia, enquanto nos homens a percentagem já baixou”, pode ler-se neste estudo.
Mas elas continuam a ser a principal força de trabalho na saúde e a assegurar a maioria do trabalho em casa e o cuidar das crianças. “As mulheres representam quase 70% da força de trabalho no setor da saúde, expondo-se, assim, a um maior risco de infeções. Ao mesmo tempo que asseguram a maioria do trabalho em casa, apoiando o ensino à distância com o encerramento das escolas aumentando a carga de trabalho não pago desempenhado pelas mulheres”, refere o estudo.
Com o confinamento elas trabalham ainda mais em casa
“As circunstâncias extraordinárias da pandemia exacerbaram ainda mais as desigualdades de género pré-existentes no uso do tempo” sublinham os autores deste relatório. Os indicadores mostram que durante a pandemia “as mulheres aumentaram em meia hora diária o tempo dedicado ao trabalho doméstico e a cuidar das crianças.
E a situação de desigualdade permanece. Mesmo depois do confinamento, “as mulheres continuam a trabalhar em casa mais, enquanto que os homens voltaram aos valores anteriores à pandemia.
No Luxemburgo aumentou ainda o número de famílias em que a mãe é a única responsável pelo cuidar das crianças e pelo trabalho doméstico. Enquanto os indicadores da Alemanha, pelo contrário, revelam que aumentou a percentagem de famílias em que o tempo despendido pelo pai no cuidar dos filhos aumentou durante a pandemia.
Desigualdade vive-se também no mundo das relações sociais
“As mulheres no Luxemburgo têm menos interações sociais que os homens” e com o confinamento houve “um aumento do seu isolamento social”, o que pode ter “consequências no seu bem-estar e na sua saúde mental”.
O estudo revela ainda que “a carga psicológica das mulheres foi mais pesada que a dos homens, devido a fatores de risco, como o crescimento das preocupações, incertezas e isolamento social que tiveram consequências na saúde mental das mulheres”.
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