Covid-19. Ensaios de vacina Oxford suspensos após reação adversa num paciente
Covid-19. Ensaios de vacina Oxford suspensos após reação adversa num paciente
O grupo farmacêutico anglo-sueco AstraZeneca, parceiro industrial da Universidade Britânica de Oxford, anunciou uma pausa nos ensaios mundiais da vacina em vários países, incluindo o Reino Unido e os Estados Unidos, na sequência do aparecimento de uma "doença potencialmente inexplicável" num dos voluntários.
As vacinas serão suspensas até que um comité independente avalie o incidente, cujos pormenores não foram revelados. Segundo o site Statnews, os ensaios foram interrompidos devido a "uma suspeita de um acontecimento adverso grave num participante no Reino Unido".
"Os testes são frequentemente suspensos temporariamente quando um acontecimento adverso ocorre num doente, para que os investigadores possam informar" os locais onde os ensaios também estão a ser realizados, disse David Lo, professor da Universidade da Califórnia Riverside, à AFP. "Provavelmente neste momento é apenas uma questão de cautela - é uma pausa, não é a mesma coisa que dizer 'não podemos avançar'", acrescentou.
Milhões de doses
A pausa nos testes pode atrasar os vários projetos em curso ligados à vacina de Oxford, desta vez em parceria com as farmacêuticas americanas Moderna e Pfizer. Ambas estão a recrutar dezenas de milhares de voluntários para verificar se as doses são seguras.
As três farmacêuticas esperam resultados antes do final do ano ou início de 2021. A AstraZeneca já vendeu centenas de milhões de doses a vários países em todo o mundo, mais do que qualquer um dos seus concorrentes.
O México, produtor e distribuidor da vacina da AstraZeneca na América Latina, juntamente com a Argentina, admite que o incidente pode atrasar o processo. A suspensão dos ensaios clínicos "não é um acontecimento invulgar", afirmou o subsecretário da Saúde do México, admitindo que a vacina poderá chegar mais tarde que o previsto.
Nos Estados Unidos, o país mais afetado do mundo pela pandemia, muitos especialistas temem que o Presidente dos EUA, Donald Trump, possa pressionar para a aprovação de uma vacina contra o coronavírus antes das eleições presidenciais de 13 de novembro. Trump diz-se convicto de que os EUA terão uma vacina ainda "este ano".
Face ao rebuliço criado pelas declarações do presidente, os chefes de nove empresas de vacinas quiseram tranquilizar o público, assinando um compromisso conjunto de confirmar os resultados dos ensaios clínicos antes de solicitarem uma licença.
A Rússia anunciou no início de agosto que tinha desenvolvido a "primeira" vacina contra a covid-19, da qual mais de "mil milhões de doses" foram pré-encomendadas por 20 países estrangeiros, de acordo com o Fundo Soberano Russo envolvido no seu financiamento.
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