Uma crise mal-escondida no PSD
Uma crise mal-escondida no PSD
Menos de oito meses após a sua eleição para a liderança do PSD, o tom das críticas à actuação de Luís Montenegro continua a aumentar, dentro e fora do partido. Dizem que ele não soube capitalizar os desaires do Governo de António Costa.
Apesar disso, algumas sondagens têm apresentado resultados mais favoráveis para o PSD, aproveitando parcialmente a quebra do PS. Mas sem apresentarem uma transferência directa das intenções de voto do PS para o PSD. Há votos do PS que se perdem pelo caminho, sem que o PSD os consiga cativar. Estão a passar para a abstenção.
Carlos Moedas é outro fantasma que se agiganta e que muita gente gostaria de ver na liderança do PSD.
Tudo isto é imputável a Luís Montenegro que, segundo os seus críticos, ainda não conseguiu reorganizar o partido desde que substituiu Rui Rio na liderança.
Um dos sectores onde isso é mais notório é o Grupo Parlamentar, com um presidente que não se consegue impor nem aos outros deputados, nem ao partido e muito menos ainda aos restantes partidos com assento em S. Bento. Joaquim Miranda Sarmento esforça-se para se aguentar em funções, fazendo depender todas as suas decisões da prévia aprovação de Luís Montenegro.
Há deputados que dizem que isso atrasa muitas vezes a tomada de decisão do Grupo Parlamentar, que é obrigado a esperar pelas constantes conferências do líder da bancada com o líder do partido. Sem autorização de Montenegro, Miranda Sarmento não toma qualquer decisão, não faz qualquer declaração.
Estas esperas deixam espaço livre para os outros partidos da direita parlamentar, como o Chega e a Iniciativa Liberal, e dão alguma tranquilidade ao Partido Socialista e ao Governo.
Os deputados laranja desejam também que o parlamentar de Espinho - a mesma terra de Luís Montenegro - Pinto Moreira abandone a Assembleia da República, de modo a não causar mais embaraços ao partido pelo seu envolvimento num caso de corrupção, a Operação Vortex.
Mas a amizade de Pinto Moreira com Luís Montenegro tem sido mais forte que as críticas. Este, no entanto, não é o único caso deste tipo entre os deputados social-democratas.
Enquanto isto, o nome de Pedro Passos Coelho volta a ocupar grandes espaços mediáticos e o antigo Primeiro-Ministro resguarda-se cada vez menos. Onde há acontecimentos que lhe possam dar visibilidade é certo que ele aparece, muitas vezes, para se sentar ao lado do Presidente da República. Quem sabe, já os dois terão conversado sobre a situação interna do PSD.
Carlos Moedas é outro fantasma que se agiganta e que muita gente gostaria de ver na liderança do PSD. Tem um perfil de vencedor, como o demonstrou nas difíceis eleições para a Câmara de Lisboa que ganhou contra todas as expectativas.
Para sobreviver a tudo isto, Montenegro tem de apresentar resultados que convençam os militantes e os eleitores do PSD. Caso contrário, começa também ele a ser um líder a prazo.
(Autor escreve de acordo com a antiga ortografia.)
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