Portugal. Médicos alemães chegam quarta-feira para ajudar a combater covid-19
Portugal. Médicos alemães chegam quarta-feira para ajudar a combater covid-19
Após dias de “contactos bilaterais” entre Portugal e a Alemanha, o acordo foi fechado. Amanhã, quarta-feira vão aterrar em Lisboa, uma equipa de 26 profissionais de saúde militares, entre eles oito médicos intensivistas, e equipamento médico diverso, um apoio para atenuar a situação hospitalar em Portugal que já não consegue dar resposta ao número crescente de internamentos por covid-19.
Segundo os dados de ontem, os internamentos diários devido à covid-19 em Portugal voltaram a bater um novo e triste recorde, encontrando-se hospitalizadas 6.869 pessoas, mais 175 do que no domingo, das quais 865 em unidades de cuidados intensivos.
Nos últimos dias, longas filas de ambulância com doentes aguardavam horas a fio, à entrada de vários hospitais à espera de vaga hospitalar. O Hospital de Santa Maria, em Lisboa e o Garcia da Orta, em Almada, viveram esta situação “caótica”, e tiveram de pedir ajuda militar para instalação de tendas de campanha para atender os doentes que chegavam de ambulância ou com os bombeiros e tinha de ficar à espera.
Com as capacidades hospitalares ocupadas totalmente a grande Lisboa já está a transferir doentes para outras regiões do País, nomeadamente para o Porto e Santa Maria da Feira.
A ajuda alemã
A ministra da Saúde confirmava que "muito dificilmente conseguimos gerir" os "recursos humanos" a nível hospitalar por isso o Governo estava a acionar "todos os mecanismos" de ajuda internacional.
“O Governo português está a acionar todos os mecanismos de que dispõe, designadamente no quadro internacional, para garantir que presta a melhor assistência aos utentes”, afirmou Marta Temido numa entrevista à RTP, a 25 de janeiro. Alemanha, Áustria e Espanha ofereceram ajuda.
Amanhã, quarta-feira chega o primeiro reforço de recursos humanos e equipamento vindo da Alemanha, a bordo de um avião das Forças Armadas alemães (‘Bundeswehr’). Parte dos profissionais de saúde alemães vão começar a trabalhar num hospital de Lisboa, enquanto outros serão distribuídos por outras regiões, anuncia a imprensa alemã.
“Estes profissionais permanecerão em Portugal durante um período de três semanas, estando prevista a sua substituição a cada 21 dias, até ao final de março, caso seja necessário”, declara um comunicado conjunto dos ministérios da Saúde e de Defesa portugueses, divulgado ontem ao final da tarde.
O equipamento médico que a Alemanha disponibiliza a Portugal, é composto por 40 ventiladores móveis e dez estacionários, 150 bombas de infusão e 150 camas hospitalares, explicou o Ministério da Defesa alemão, num comunicado enviado à Agência Lusa.
Portugal em "situação dramática"
Portugal está numa “situação dramática” e nestes tempos que vivemos “a solidariedade na Europa é indispensável”, declarou Annegret Kramp-Karrenbauer, a ministra da defesa alemão justificando assim o apoio a Portugal.
“Apoiamos os nossos amigos europeus, também na luta contra o coronavírus. Combinei com o meu homólogo João Cravinho (ministro da Defesa português) que a ‘Bundeswehr’ (Forças Armadas alemãs) vão enviar pessoal e material médico para Portugal. A solidariedade fortalece a Europa”, declarou esta ministra no comunicado enviado à Lusa.
Uma primeira equipa de médicos alemães esteve em Portugal a semana passada numa “missão diplomática”, em que visitou alguns hospitais, entre eles o Hospital Amadora-Sintra, para perceber qual o apoio mais necessário a ser dado pelo seu país.
“Na primeira vaga da pandemia, a Alemanha disponibilizou o seu apoio a vários estados europeus. Itália, França, Holanda, Bélgica e República Checa, países com maior proximidade geográfica à Alemanha, foram os destinatários da solidariedade alemã e europeia, que agora se estende também a Portugal”, lembram os ministros portugueses Marta Temido e João Cravinho no comunicado ontem divulgado.
Doentes transferidos para Áustria
Além do apoio alemão Portugal aceitou também a ajuda da Áustria para combater a sua crise hospitalar.
O anúncio foi feito pelo chanceler austríaco, Sebastian Kurz, que na sua conta do Twitter declarou que o seu país “vai receber doentes portugueses em cuidados intensivos por covid-19”.
A transferência dos doentes portugueses para a Áustria terá ficado em cima da mesa, após uma conversa telefónica entre o chanceler e o primeiro-ministro português António Costa.
“A pandemia da covid-19 representa enormes desafios para todos os países europeus. É uma exigência de solidariedade europeia ajudar rapidamente e sem burocracia para salvar vidas”, escreveu Sebastian Kurz.
Até ao momento não se sabe quantos doentes portugueses em situação grave serão transferidos para a Áustria, como vão ser transportados e onde irão ficar, mas todos estes pormenores serão dados pelo Governo português, indica a imprensa portuguesa citando a Agência Apa.
Tal como a Alemanha, também a Áustria tem apoiado vários países durante os picos da pandemia. O chanceler Kurz lembra que o seu país recebeu doentes de Itália, França e Montenegro para ajudá-los durante os picos da pandemia.
Espanha recebe doentes portugueses
Nesta fase complicada onde todo o apoio é necessário e médicos portugueses estarão em conversações com Espanha a fim de poder transferir também doentes para o país vizinho. A notícia foi dada pelo jornal La Voz da Galicia, com a confirmação do presidente Associação Portuguesa de Médicos de Cuidados Intensivos, João Gouveia.
“O pedido de ajuda já começou, ainda que não seja oficial”, contava este médico ao jornal galego. João Gouveia explica que as conversações visam a possibilidade de transferência de doentes dos hospitais próximos da fronteira, “no Alto Minho, Bragança e Alentejo” para os estabelecimentos espanhóis.
“De Viana do Castelo, seguramente irão para Vigo, de Bragança para Zamora e do Alentejo, dependendo de se estão internados em Portalegre, Évora ou Beja, para Badajoz ou para Sevilha”, estimou este médico dirigente associativo.
Tal como a Áustria até ao momento não ainda confirmação oficial da parte portuguesa sobre esta possibilidade de transferência fronteiriça de doentes infetados pela pandemia que necessitam de hospitalização.
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