Portugal declara mais dias de luto por Isabel II do que países da Commonwealth
Portugal declara mais dias de luto por Isabel II do que países da Commonwealth
Portugal declarou três dias de luto nacional - de 18 a 20 de setembro - pela morte da Rainha Isabel II, do Reino Unido.
A decisão tomada pelo Conselho de Ministros, esta quinta-feira, é justificada pelo facto da monarca ter marcado "profundamente a segunda metade do século XX e o primeiro quartel do século XXI" e porque o Governo entende que esta é a forma de prestar homenagem a Isabel II "neste momento de prolongado e profundo luto no nosso mais antigo Aliado".
Os três dias de luto - normalmente reservados para altas figuras nacionais, como os presidentes Mário Soares e Jorge Sampaio ou Amália e Eusébio - são, diz o comunicado do Conselho de Ministros, a “justa homenagem a sua Majestade a Rainha Isabel II”.
A decisão do governo português em assinalar o tributo à monarca de um país estrangeiro gerou alguma polémica no país, com o Bloco de Esquerda a considerar que a mesma “não representa o sentimento popular e republicano”.
“O Governo português declara três dias de luto nacional pela morte de Isabel II. É tanto ridículo como pacóvio”, acrescentou o líder parlamentar do partido, Pedro Filipe Soares, numa publicação na rede social Twitter.
Tanto o BE como o PCP abstiveram-se esta sexta-feira no voto de pesar, aprovado no Parlamento português a propósito da morte da Rainha Isabel II.
Apesar de ser uma república, Portugal é um dos países que mais dias de luto decretou para homenagear a falecida monarca, ultrapassando mesmo alguns estados da Commonwealth, como o Canadá ou a Nova Zelândia.
A primeira-ministra Jacinda Arden disse, na segunda-feira, que a Nova Zelândia assinalará um dia de luto nacional a 26 de setembro em honra da Rainha Isabel II. "Dia de Memória da Rainha Isabel II", como será designado, incluirá uma cerimónia de homenagem do Estado neozelandês à Rainha, realizada na Catedral de Wellington, acrescenta o jornal NZ Herald.
Também o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, declarou o dia 19 de setembro - dia do funeral de Isabel II - como feriado federal. Mas nem todas as províncias canadianas vão assinalá-lo da mesma forma, segundo o The Guardian.
Enquanto as escolas e gabinetes governamentais do país estarão fechados no dia do funeral estatal da rainha, nas duas províncias mais populosas, os funcionários públicos, a menos que sejam federais, estarão a trabalhar. Bancos e outros organismos federais, terão a opção de fechar ou de permanecer abertos. Algumas províncias darão tolerância de ponto a todos os trabalhadores, enquanto noutras os serviços permanecerão a funcionar.
Países de língua portuguesa alinham em três dias de luto
Além de Portugal, também o Brasil anunciou logo na data da morte de Isabel II, 8 de setembro, três dias de luto nacional.
No decreto, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro das Relações Exteriores - equivalente ao Ministro dos Negócios Estrangeiros -, Carlos Alberto Franco França, foi "declarado luto oficial em todo o País, pelo período de três dias", a partir da sua publicação.
Uma decisão, justificada no documento, como um "sinal de pesar pelo falecimento da Sua Majestade a Rainha Isabel II, do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte".
Moçambique, que integrou a Commonwealth em 1995, apesar de não ter sido colónia do império britânico, decretou igualmente três dias de luto nacional, a vigorarem entre este sábado, 17, e segunda-feira, 19, dia do funeral da rainha.
De acordo com a agência Lusa, a decisão surge depois de o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, ter defendido que a monarca “entregou a sua vida inteira ao mundo com grande paixão”, assinalando o “carinho e respeito” que merecia do povo deste país africano.
O chefe de Estado destacou ainda que durante o reinado de Isabel II, Moçambique desfrutou de muito boas relações com o Reino Unido, filiando-se na Commonwealth como membro de pleno direito.
Madrid também decreta três dias de luto
Dentro dos países, alguns deles monarquias, a forma de homenagem coube às autoridades locais ou regionais.
Em Espanha, segundo noticiou a Once Zero, a Comunidade Autónoma de Madrid declarou três dias de luto pela morte de Isabel II, justificando a decisão como uma "homenagem sentimental" à monarca, símbolo do "último vestígio de uma era que se fecha com ela".
Já a Andaluzia declarou um dia de luto oficial, cumprido entre 9 e 10 de setembro, enquanto a Galiza optou por não fazer qualquer dia de luto.
Funeral: Grão-Duques representam Luxemburgo e Marcelo Portugal
O casal Grão-Ducal deverá representar a monarquia luxemburguesa no funeral da Rainha Isabel II, na próxima segunda-feira, dia 19, em Londres.
"A Grã-Duquesa e eu próprio pretendemos assistir ao funeral", afirmou o Grão-Duque Henri numa entrevista recente ao Luxemburger Wort.
Um dia após a morte da Rainha Isabel II, o Grão-Duque ordenou que as bandeiras do Luxemburgo fossem colocadas a meia haste sobre o Palácio do Grão-Ducal e o Castelo de Berg até à meia-noite de domingo (dia 11).
Nesse mesmo dia, à tarde, o monarca visitou a Embaixada Britânica no Luxemburgo para deixar uma mensagem no livro de condolências.
Já Portugal estará representado na cerimónia fúnebre da Rainha de Inglaterra pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A urna de Isabel II encontra-se em câmara ardente no Palácio de Westminster até ao funeral de Estado, que se realiza na segunda-feira na Abadia de Westminster, em Londres.
Durante os próximos dias, o salão onde está colocada a urna estará aberto ao público 24 horas por dia.
Isabel II morreu no dia 8 de setembro, no Castelo de Balmoral, na Escócia, após mais de 70 anos de reinado, o mais longo da história do Reino Unido.
Nascida Elizabeth Alexandra Mary Windsor, a 21 de abril de 1926, em Londres, tornou-se Rainha de Inglaterra em 1952, aos 25 anos, na sequência da morte do pai, George VI, que passou a reinar quando o seu irmão abdicou.
Após a morte da monarca, o seu filho primogénito assume, aos 73 anos, as funções de rei como Carlos III.
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