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Inquérito estima que 200 mil emigrantes quiseram votar nas legislativas mas não conseguiu
Portugal 3 min. 03.05.2022 Do nosso arquivo online
Eleições

Inquérito estima que 200 mil emigrantes quiseram votar nas legislativas mas não conseguiu

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Inquérito estima que 200 mil emigrantes quiseram votar nas legislativas mas não conseguiu

Foto: Lusa
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Inquérito estima que 200 mil emigrantes quiseram votar nas legislativas mas não conseguiu

Redação
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A associação TSP estima, a partir de um inquérito em que 43,5% respondeu que quis votar, mas não o conseguiu fazer, que centenas de milhares de portugueses recenseados no estrangeiro não exerceram o seu direito de voto. Muitos por não terem recebido o boletim.

Centenas de milhares de portugueses residentes no estrangeiro não terão conseguido votar para as legislativas de 30 de janeiro. Um inquérito realizado pela associação Também Somos Portugueses (TSP), divulgado, esta segunda-feira, estima que 200 mil portugueses no estrangeiro não tenham conseguido votar, principalmente por não terem recebido o boletim, devido ao mau funcionamento dos correios e a problemas com as moradas.

O "Relatório sobre as eleições para a Assembleia da República janeiro - março de 2022" foi elaborado com base num inquérito a eleitores portugueses a residir no estrangeiro, que originou 787 respostas válidas. O questionário concluiu que  43,5% eleitores inquiridos quiseram votar, mas não conseguiram. Os principais problemas estão relacionados sobretudo com o "mau funcionamento dos correios e com problemas com as moradas onde devem ser recebidos os boletins de voto", aponta o documento.


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Participação nesta repetição ficou abaixo dos números de janeiro, mas acima da verificada na eleição de 2019. Houve ainda votos inválidos devido à ausência de cópia do cartão do cidadão.

Além do mau funcionamento dos correios e de moradas desatualizadas, o sufrágio de 30 de janeiro ficou marcado por outras questões, como o recenseamento e métodos de votação que dificultam o voto e falta de esclarecimentos, e que levaram à anulação de 80% dos votos no Círculo da Europa e à respetiva repetição da eleição. 

A eleição foi anulada pelo facto de votos inválidos - sem acompanhamento de cópia do documento de identificação, como manda a lei - terem sido misturados com votos válidos. 

"Em 2022, muitos portugueses continuaram a rejeitar o envio dessa fotocópia por razões de segurança", lê-se no relatório da TSP, no qual a associação reforça  que "esta questão deu origem à anulação de 80% dos votos no círculo da Europa e posterior repetição das eleições nesse círculo".  

No texto sobre o inquérito, o movimento recorda que, em 2019 - data das legislativas anteriores - tinham sido anulados 35.331 votos (22,33%), a maior parte devido à falta da fotocópia do cartão de cidadão.

Métodos alternativos e reforço com voto digital 

O movimento Também Somos Portugueses insiste, por isso, numa "alternativa para a validação dos boletins dos votos" e recomenda à Assembleia da República "uma alteração à lei eleitoral, de modo a substituir a exigência da fotocópia do cartão de cidadão pela escrita pelo eleitor do seu número de cartão de cidadão num papel que acompanhe o boletim de voto".

Sobre os problemas de recenseamento eleitoral, já reportados ao Contacto por emigrantes residentes no Luxemburgo e pelo próprio conselheiro das Comunidades Portuguesas no país, João Verdades dos Santos, o movimento sinaliza problemas com a renovação do cartão de cidadão que fizeram com que "muitos portugueses no estrangeiro" fossem "retirados dos cadernos eleitorais quando renovaram" o documento, "sem serem informados disso na altura”, recomendando que "seja revista a aplicação de renovação do cartão de cidadão", de forma a manter o seu recenseamento automaticamente.


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O Grão-Ducado foi o segundo país do círculo da Europa com a maior participação eleitoral nestas últimas legislativas, que dificilmente será reproduzida na repetição do ato eleitoral. Depois de todo este processo "as pessoas estão muito descrentes", considera João Verdades dos Santos.

Já em relação aos métodos de votação, o estudo indica que o facto de existirem métodos de voto diferentes para eleições diferentes não facilita o entendimento dos eleitores.

"É patente a confusão de muitos eleitores no estrangeiro devido aos diferentes métodos de votação nas diferentes eleições, com eleitores a deslocarem-se aos consulados para votar e serem mandados embora por não se terem registado para votar presencialmente, quando esse tinha sido o método de voto nas eleições anteriores para o Presidente da República", lê-se no documento.

O movimento defende que seja "implementado o voto digital", uma vez que "80% dos inquiridos no inquérito escolheram-no como o método preferido - mas em acumulação com o voto presencial e o voto postal".

(Com Lusa)

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