Hospitais de Lisboa e Vale do Tejo pedem maior equilíbrio na distribuição de doentes
Hospitais de Lisboa e Vale do Tejo pedem maior equilíbrio na distribuição de doentes
O Hospital de Santa Maria, o maior do país e um dos mais pressionados da região de Lisboa e Vale do Tejo, está a pedir aos utentes que procurem os centros de saúde antes de se dirigirem para as urgências, evitando a sobrecarga do hospital.
Num comunicado publicado pelo hospital na página do Facebook do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, é referido que "a urgência covid do Hospital de Santa Maria tem registado picos de afluência com utentes residentes na área de influência" do CHULN, "muitas vezes agravados por utentes residentes nas áreas de influência de outros hospitais".
O hospital exemplifica que na quarta-feira, "70% dos doentes", atendidos no seus serviços de urgência eram "provenientes das áreas de outros hospitais", e refere que a maioria não tinha necessidade de ser atendida ali. "Quase metade dos utentes são transportados de ambulância, mas destes só 15% apresentam situações que justificam o recurso a uma urgência hospitalar. Os restantes 85% são triados com prioridade verde ou azul, representando uma sobrecarga evitável, na medida em que o local de atendimento previsto para estas situações são os Centro de Saúde, que dispõem de um atendimento específico para estes doentes", diz a nota.
O hospital apela, por isso, à população para "que só recorra ao transporte de ambulância em situações justificadas e se dirija às áreas para doentes respiratórios nos cuidados de saúde primários nas situações de ausência ou sintomas ligeiros, permitindo que os recursos hospitalares, em situação de grande sobrecarga, se concentrem no tratamento dos doentes com situações de maior gravidade".
O comunicado adianta ainda que o CHULN está também "a diligenciar junto da Saúde 24 para que os utentes enviados com situações de baixa prioridade clinica passem a ser encaminhados para os Centros de Saúde".
Dividir os encargos por vários hospitais
Este pedido é feito na mesma altura em que administrações de sete hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo reclamam maior equilíbrio na distribuição de doentes entre unidades periféricas e centrais.
Segundo noticia o DN, a ministra da Saúde, Marta Temido, pediu aos hospitais de Lisboa que abram já nesta fase todas as camas possíveis.
O pedido terá sido feito na reunião com os hospitais de Lisboa, desta quarta-feira, que destinava a avaliar a capacidade instalada nos hospitais da região, mas da qual terá saído “um alerta da ministra para que todos se mobilizem da mesma forma e que disponibilizem já o máximo das suas capacidades para se combater a pior fase da pandemia”, refere aquele jornal.
Os hospitais do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC) - S.José, Capuchos, Santa Marta, Dona Estefânia, Curry Cabral e Maternidade Alfredo da Costa - e do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) - Santa Maria e Pulido Valente - são alguns que ainda poderão ter capacidade para aumentar a sua lotação, ao mesmo tempo que a Urgência Covid do Hospital de Santa Maria se encontra em processo de ampliação de 33 para 51 postos de atendimento em simultâneo, que estará concluída no próximo fim de semana.
O DN adianta que a 22 de janeiro, estes hospitais registavam uma taxa de esforço de 25% e 32,1%, respetivamente, muito abaixo da de outras unidades da periferia da capital e área metropolitana que já estavam com taxas acima dos 40%, 50%, 60% e 70%.
Numa carta divulgada na quarta-feira pelo jornal I, as administrações de sete hospitais pediram maior equilíbrio na distribuição de doentes, exemplificando com as taxas de esforço: “Os Centros Hospitalares de Setúbal e Barreiro/Montijo e os Hospitais Beatriz Ângelo, Garcia de Orta, José de Almeida, Prof. Doutor Fernando Fonseca e de Vila Franca de Xira apresentam taxas de esforço do seu internamento de doentes covid-19 em enfermaria, no dia 22 de janeiro, situados entre os 45% e os 71%”.
Os responsáveis por estas unidades compararam com os centros hospitalares universitários de Lisboa Central e Lisboa Norte, com ocupações de 25% e 32,1% na mesma data, frisando que se trata de “uma taxa claramente abaixo do valor médio dos hospitais da região (44,4%)”.
A exceção, dizem, vai para o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, que apresenta uma taxa de esforço de 50,6%.
“Existem, naturalmente, diferenças locais, as quais têm implicado que essa pressão assuma valores diferentes entre os hospitais, mas é evidente que a cintura de Lisboa é a área mais flagelada pela pandemia e pela sua expressão em procura de cuidados hospitalares”, dizem na carta.
Fora da capital e da área metropolitana de Lisboa, mas ainda na região de Lisboa e Vale do Tejo, as taxas de esforço dos centros hospitalares mais pequenos, como do Oeste, que integra o Hospital de Peniche e Torres Vedras, já eram de 43%, enquanto a do Médio Tejo, que abrange as unidades de Abrantes, Torres Novas e Tomar, é de 38,7%, e a de Santarém 39,7%. Todas acima das outras duas grandes unidades, aliás, "as maiores do país e com muito maior capacidade de internamento e de cirurgia do que qualquer outra unidade periférica".
Na carta revelada na quarta-feira, pelo i, as administrações hospitalares explicam que o problema se verifica sobretudo no internamento em enfermaria, uma vez que nos cuidados intensivos “a situação é mais equilibrada”.
Nesta fase, adianta a notícia do DN, tanto o CHULC como CHULN “já se estão a preparar para abrir mais camas nas próximas horas e dias”.
No caso do Lisboa Central, deverá ser aberta mais uma enfermaria no Curry Cabral, hospital de primeira linha no combate à covid-19, na primeira fase da pandemia, e mais camas em UCI.
Já o CHULN deverá abrir uma enfermaria com mais de 20 camas, mais camas em UCI e mais espaço na urgência covid, onde estão a terminar as obras, escreve o jornal.
com Lusa
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