Empresários: Portugal é dos países onde há mais corrupção na UE
Empresários: Portugal é dos países onde há mais corrupção na UE
Nove em cada 10 empresários em Portugal (92%) considera que a corrupção está generalizada pelo país. É o terceiro país da União Europeia onde esta perceção é mais forte, só ultrapassada pela Roménia (97%) e pela Grécia (95%), revela um inquérito do Eurobarómetro sobre a atitude das empresas relativamente à corrupção.
Já o Luxemburgo (26%) encontra-se no extremo oposto. É o segundo país da UE onde os empresários consideram haver menos corrupção, a seguir à Dinamarca (16%).
Práticas na administração pública
As práticas desleais e ilegais para a obtenção de ganhos estão bem presentes na sociedade portuguesa, no setor público e a nível dos poderes locais, regionais e nacionais. Esta é a conclusão revelada pelas respostas dos empresários portugueses neste inquérito da Comissão Europeia. A corrupção em Portugal é um problema sério, mas que ainda não é punido como deveria ser, vincam.
Uma realidade completamente oposta é a vivida pelos empresários no Grão-Ducado, onde a corrupção existe sim, mas não é tão vincada, está longe dos poderes instituídos e onde os tribunais aplicam penas corretas aos corruptos. É isso que mostram os resultados dos inquiridos do Luxemburgo.
Negócios e Política
Os portugueses (93%) são os mais convencidos de que as ligações estreitas entre negócios e a política conduzem à corrupção. Mais uma vez, os do Grão-Ducado (39%) são os que menos acreditam nessa relação, entre todos os da União Europeia.
Contudo, tanto portugueses como residentes no Grão-Ducado defendem que as práticas ilegais disseminadas nos países dificultam os seus negócios, com 53% dos residentes em Portugal a reclamarem tal prejuízo, contra 41% dos do Luxemburgo.
Apesar de discreta este valor mostra que a corrupção existe no Grão-Ducado, segundo os 150 inquiridos com responsabilidades em empresas no país.
Este inquérito demonstra bem que para os empresários portugueses na trama da corrupção, a aproximação à política é um meio importante para se obter ganhos nas empresas. Para quem tem empresas no Grão-Ducado a influência da política é completamente desvalorizada.
A única forma de se ter sucesso nos negócios em Portugal é ter ligações políticas, defendem 65% dos empresários inquiridos, com cargos de responsabilidades em 300 empresas portuguesas. Uma premissa considerada por 34% dos empresários do Grão-Ducado, colocando o país a meio da tabela, em 18º lugar.
Quais as formas mais comuns de corrupção?
Aqui, Portugal e Luxemburgo andam de mãos dadas. O favorecimento de amigos e familiares no setor privado (47%) e no público (37%) é a prática mais comum no Luxemburgo, e em Portugal.
Só que segundo os empresários portugueses o favorecimento no público em Portugal é maior (59%) do que no privado (55%).
Aliás, as ‘cunhas’ a amigos e familiares em serviços do estado português obtiveram a taxa mais elevada pelos empresários portugueses entre o total dos países da União Europeia.
Subornos e financiamentos
A terceira prática mais generalizada no Grão-Ducado é a oferta de presentes em troca de favores (24%), seguida da fuga aos impostos (22%), comissões (21%), subornos (16%) e financiamento de partidos políticos a troco de contratos públicos ou influências (12%).
A prática do suborno no Luxemburgo teve o segundo maior crescimento entre todos os estados membros, ficando só atrás da Letónia.
Já em Portugal, a terceira forma de corrupção mais comum é o financiamento de partidos políticos e os subornos (ambos com 34%), seguida da oferta de presentes (31%) da fuga aos impostos (28%) e das comissões (25%).
Portugal é também o segundo país com mais de três práticas de corrupção generalizadas e ativas, com 80%, a seguir ao Chipre (82%), e à frente da França (76%).
O Luxemburgo está mais uma vez no final da tabela, com 40%, abaixo dele só Eslováquia (38%), a Dinamarca (34%) e a Estónia (33%).
Favorecimentos
Portugal volta a ser o país onde entre o total dos 300 inquiridos com responsabilidades em empresas portuguesas, 92% defendeu que o favorecimento e a corrupção ativa dificultam a competição empresarial. Uma percentagem que diminuiu para 44% entre os empresários do Grão-Ducado, sendo o quarto país da UE onde estas práticas menos constrangem o tecido empresarial.
A Suécia (31%), é o país onde os empresários menos sentem essa pressão.
A construção, saúde e farmacêuticas são as áreas onde os europeus consideram que a corrupção dificulta os negócios.
Ajudas públicas
Portugal apresenta-se também em sexto lugar (32%) na questão dos subornos e conhecimentos serem a forma mais fácil para se obter ajudas públicas. Os empresários do Grão-Ducado (30%) não sentem necessidade disso, situando-se em penúltimo lugar.
Em primeiro lugar está o Chipre (55%) e em último a Dinamarca (4%).
Curiosamente, à pergunta se nos últimos três anos a corrupção impediu a sua empresa de ganhar um contrato público ou serviço do estado, o Luxemburgo ultrapassa Portugal na resposta afirmativa. 27% dos empresários residentes no Grão-Ducado disseram que sim, contra 25% dos portugueses.
Práticas ilegais a nível central
Segundo os empresários portugueses as administrações centrais, regionais e locais portuguesas possuem o problema mais sério de corrupção entre os países da União Europeia, sendo a sua taxa a mais elevada de todas, 79%.
Por seu turno, os empresários do Grão-Ducado são os que mais confiam no funcionamento sério dos seus poderes municipais, comunais e nacionais, apresentado a taxa menor, 22%, da Europa, só vencida pela Dinamarca (16%).
O Luxemburgo (53%) é, por seu turno, o país que mais acredita na transparência do financiamento dos partidos políticos, juntamente com a Suécia, Portugal é o que menos acredita (14%). Menos do que ele, só a vizinha Espanha (11%).
Luxemburgo pune criminosos
Tal como confiam no seu poder político, os empresários do Luxemburgo também confiam no sistema judicial para punir os casos de corrupção no país.
Este é o terceiro país, com 63%, onde os autores de crimes ligados a estas práticas são detidos e acusados em maior número, acabando por responder em tribunal, segundo as respostas dos empresários. A Polónia (75%) é o primeiro e a Dinamarca (71%), o segundo. Portugal (45%) surge em 19º lugar da lista, com a Eslováquia (22%) em último.
E no tribunal eles são corretamente punidos, consideram 59% dos empresários do Grão-Ducado. É o segundo país onde as penas aplicadas estão em conformidade com os crimes e não abaixo do que deviam, como considera Portugal (25%), que surge a quatro lugares do fim da tabela. Nesta questão, a Áustria (61%) surge com a maior taxa e Espanha (15%) com a menor.
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