Empobrecer a trabalhar é realidade para muitos em Portugal
Empobrecer a trabalhar é realidade para muitos em Portugal
Em Portugal, trabalhar pode não chegar para retirar pessoas da pobreza. Esta é a conclusão do estudo "A Pobreza em Portugal - Trajetos e Quotidianos", coordenado pelo sociólogo Fernando Diogo, da Universidade dos Açores e investigador no CICS.NOVA - Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, para a Fundação Francisco Manuel dos Santos apresentado esta segunda-feira.
São quase 60% os adultos pobres em Portugal que trabalham. Em situação de vínculo laboral precário estão 26,6% e os trabalhadores com contrato chegam a ser quase um terço das pessoas em situação de pobreza.
Ao Jornal de Notícias, o especialista em temáticas da pobreza revelou que para si o mais surpreendente é o facto de "a maior parte ter contrato efetivo há muitos anos: 10, 20 ou mais". Entre as razões que levam a esta realidade, explicou que por vezes se trata de famílias numerosas, com filhos, por vezes adultos e desempregados. A perpetuação do modelo de baixa produtividade, de baixas qualificações e de baixos salários também complicam o contexto social.
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) analisados pelo estudo, um quinto da população portuguesa vivia em situação de pobreza entre 2003 e 2018. Nesse ano, a taxa de pobreza era de 17,2% (1,7 milhões de pessoas), já após apoios sociais (exceto pensões).
A análise aos perfis dos empregados mostra que representam 32,9% dos pobres e 10,8% do total da população com trabalho. Seguem-se os reformados (27,5%), ou seja, 17% dos pensionistas são pobres; o dos precários (26,6% do total na pobreza); e o dos desempregados (13%). Quase metade destes é pobre.
O estudo aponta ainda para três fatores que mais contribuem para a entrada na situação de pobreza: o divórcio, o desemprego e a doença.
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