Zelensky vai a Bruxelas ou não? Não se sabe, porque é 'top secret'
Zelensky vai a Bruxelas ou não? Não se sabe, porque é 'top secret'
Devia ser um segredo bem guardado, mas tornou-se um "segredo de polichinelo". Em dezembro do ano passado, quando estava em Washington, na sua primeira visita fora da Ucrânia desde que a guerra começou, há quase um ano, Zelensky recebeu o convite do Conselho Europeu para ir a Bruxelas em fevereiro de 2023. A ideia era que nessa data o presidente ucraniano se deslocasse para participar numa cimeira, desta vez em pessoa, e não através de videoconferência.
Zelensky não foi a Bruxelas, mas 16 comissários e o presidente do Conselho, Charles Michel, foram a Kiev, na passada quinta e sexta-feira. No entanto, nessa altura, a vinda do líder ucraniano continuava a ser uma possibilidade para a cimeira especial do Conselho Europeu dos próximos dias 9 e 10.
Sempre que foi perguntado se Zelensky afinal iria a Bruxelas, o porta-voz do conselho Europeu limitava-se a dizer: “O convite foi feito”. Por seu lado, Zelensky disse, em Kiev, na conferência de imprensa após a reunião com Von der Leyen e Charles Michel, que uma saída para fora da Ucrânia “apresentava grandes riscos de segurança”. Provavelmente estaria a fazer bluff para distrair o Kremlin enquanto nos bastidores preparava a excursão à capital da UE.
Esta segunda-feira, sem que formalmente tenha havido grandes comentários vindos do Conselho Europeu, houve uma fuga de informação de alguns eurodeputados do PPE ( grupo político do centro-direita do Parlamento Europeu) que confirmaram a visita do ucraniano, não só à cimeira, mas também a uma sessão especial do PE, onde Zelensky discursará em pessoa.
Um tweet do PPE confirmou a vinda de Zelensky. Horas depois, e segundo o jornal Politico, por interferência da própria presidente da instituição, Roberta Metsola (ela própria oriunda do PPE), o tweet foi apagado.
E o que dizia o tweet? Na verdade, confirmava a visita. “Estamos felizes por recebê-lo em Bruxelas, Senhor Presidente”, podia ler-se. Segundo o Politico, também o chefe de gabinete de Metsola, Alessandro Chiocchetti, terá feito asneira ao informar os presidentes dos grupos políticos do PE dos planos da visita.
Desafio de segurança igual ao de uma ida de Biden ir ao Iraque
Segundo as palavras do professor de política internacional da Universidade de Antuérpia, David Criekemans, ao jornal belga 7Sur7, a vinda de Zelensky a Bruxelas reveste-se de um caráter simbólico (no momento em que a Ucrânia acelerar o processo de adesão), mas também pragmático. Provavelmente, o ucraniano irá pedir os famosos caças F16 – um dos tabus dos Aliados desde o princípio da guerra.
Mas também o jornal 7Sur7 especula que com os problemas de segurança que a fuga de informação acrescentou, Zelensky poderá desistir desta visita. Citando fontes policiais, o jornal fornece uma comparação sobre a visita de Zelensky a Bruxelas com a visita de Biden ao Iraque.
Embora Bruxelas esteja habituada a receber muitos líderes, a vinda de Zelensky é muito mais complicada em termos de segurança. “É como uma visita de Joe Biden ao Afeganistão ou ao Iraque, só se tem conhecimento desta quando o presidente dos EUA já está em segurança em Washington”. Uma visita de um chefe de Estado norte-americano a um país em guerra não é publicitada com dias de antecedência, como aconteceu com a fuga de informação protagonizada pelo Parlamento Europeu.
Zelesnky não passaria incógnito por Bruxelas, aliás, nem era esse o objetivo da visita. Mas o facto de ser anunciada tão cedo no calendário poderá levar a que esta nem chegue a acontecer. Portanto, à pergunta “Zelensky virá a Bruxelas?”, a resposta oficial continua a ser: “O convite foi feito”.
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