Trump afirma que "impeachment é uma charada" e bruxas de Salem tiveram processo mais justo
Trump afirma que "impeachment é uma charada" e bruxas de Salem tiveram processo mais justo
São seis páginas de críticas ferozes ao processo de impeachment que vai a votação esta quarta-feira, na Câmara dos Representantes. O jornal The New York Times teve acesso ao documento redigido por Trump e não há margem para dúvidas: o presidente está revoltado com a situação e acha que até as "bruxas de Salem tiveram direito a um processo mais justo".
Trump escolheu a véspera da votação, que acontece já esta quarta-feira, para enviar a míssiva onde acusa os líderes democratas na Câmara de declarar "guerra aberta à democracia americana", num processo que pode torná-lo apenas o terceiro presidente na história dos EUA a ser destituído.
O presidente explica que decidiu escrevê-la por razões históricas e para deixar bem claro - e por escrito - o que pensa sobre o assunto. "Daqui a cem anos, quando as pessoas olharem para trás, para este caso, eu quero que eles entendam ... para que isso nunca mais possa acontecer com outro presidente".
No entanto, garante que não serão precisos tanto anos para que o povo americano "se vingue" do que está a acontecer. "Não tenho dúvidas de que os americanos vão responsabilizá-la a si e aos democratas pelo resultado das eleições de 2020. Não vão perdoar a vossa perversão da justiça e abuso de poder”, declarou Trump, garantindo que "a História vai julgar-vos severamente se procederem com esta charada”.
Uma análise conduzida pelo The Washington Post indica que os democratas contam ter votos necessários para seguir em frente com o processo de destituição do presidente. Se forem aprovados todos os artigos, será o Senado a julgar se Trump deverá ou não ser removido do cargo de presidente.
Em sua defesa, escreveu também que as conversas telefónicas com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, foram "perfeitas", mas os democratas têm outra opinião. Segundo estes, o presidente norte-americano terá ligado ao governo da Ucrânia para que se investigasse a atividade de Hunter Biden (filho de Joe Biden, candidato democrata), junto de uma empresa ucraniana envolvida num esquema de corrupção.
Como forma de pressão, ameaçou reter um pacote de ajuda financeira até que Zelenskiy anunciasse essa investigação, o que constitui um abuso do exercício de poder.
Nancy Pelosi já reagiu à carta, considerando-a "ridícula" e "realmente doentia”, segundo a CNN.
Sobre o caso das bruxas, a própria presidente da câmara de Salem, Kim Driscoll, publicou no Twitter que Donald Trump devia aprender “alguma história”.
Driscoll garante que a situação atual é “muito diferente” e que as vítimas de Salem "foram brutalmente enforcadas ou esmagadas até à morte", num processo "legalmente dúbio que não tem qualquer semelhança com um impeachment transmitido pela televisão".
