Tribunal russo condena Alexei Navalny por fraude
Tribunal russo condena Alexei Navalny por fraude
Um tribunal russo condenou esta terça-feira o líder da oposição russa, Alexey Navalny, por novas acusações de fraude. "Navalny cometeu fraude. Quer dizer: apropriação de bens alheios através do engano e do abuso de confiança", disse a juíza Margarita Kotova, citada pela agência Interfax. Navalny pode ter de cumprir até 13 anos numa prisão de segurança máxima, sentença pedida pelo Ministério Público.
O opositor ao regime de Putin, que está atualmente a cumprir uma pena de dois anos e meio, aproveitou o julgamento para denunciar a invasão russa da Ucrânia, que mergulhou a Rússia numa crise económica e no isolamento internacional.
"É agora o dever de cada pessoa opor-se a esta guerra", disse Navalny ao tribunal a 15 de março. A invasão da Ucrânia provocará "o colapso, a desintegração do nosso país", acrescentou. Navalny, que deveria ser libertado no próximo ano, pode ser transferido para uma prisão mais remota, o que lhe dificultará o contacto com apoiantes, escreveu a sua porta-voz Kira Yarmysh no Twitter na segunda-feira.
Até mesmo a sua participação no julgamento foi feita remotamente da prisão onde está, a cerca de 100 quilómetros de Moscovo. As autoridades justificaram esta ausência com as restrições por causa da covid-19. Até agora Navalny consegue ir partilhando formações nas redes sociais através dos seus advogados.
Esta condenação surge num clima de dura repressão da dissidência desde o início da guerra há um mês, com Putin a rotular os que se opõem à invasão como "traidores".
Esta semana, o regime russo proibiu o Facebook e o Instagram no país, considerando-os "extremistas", e as autoridades russas bloquearam ou encerraram os meios de comunicação independentes a fim de controlar o acesso à informação.
Navalny, 45 anos, está detido desde janeiro de 2021, quando regressou à Rússia depois de recuperar no estrangeiro de um ataque quase fatal envolvendo um agente nervoso que ele e os governos ocidentais atribuíram aos serviços secretos de Putin. O Kremlin nega qualquer envolvimento na tentativa de assassinato na que aconteceu na Sibéria.
Os apoiantes de Navalny e os defensores dos direitos humanos acusaram Putin de tudo fazer para manter o ativista em silêncio. A Amnistia Internacional considerou mesmo o julgamento de "fictício".
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