Três dias depois, Kiev acorda com Moscovo corredor humanitário em Mariupol
Três dias depois, Kiev acorda com Moscovo corredor humanitário em Mariupol
"Conseguimos chegar a um acordo preliminar [com os russos] sobre um corredor humanitário para mulheres, crianças e idosos", escreveu esta quarta-feira a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Verechtchuk, na plataforma de mensagens Telegram.
Rússia faz novo ultimato
A Rússia fez outro ultimato às forças ucranianas estacionadas na fábrica Azovstal, em Mariupol, para largarem as armas, esta quarta-feira, depois de nenhum dos elementos se ter rendido nas duas horas estabelecidas por Moscovo na terça-feira.
"Apesar da total irresponsabilidade dos oficiais do regime de Kiev, para salvar os seus militares, as forças armadas russas, guiadas por princípios puramente humanos, voltam a oferecer combatentes dos batalhões nacionalistas e mercenários para cessarem os combates e pousarem as armas às 14 horas locais [13h no Luxemburgo, 12h em Portugal]", disse o responsável pelo Centro Nacional de Controlo da Defesa, o coronel-general Mikhail Mizintsev.
Moscovo vai garantir a segurança e a proteção daqueles que se renderem hoje, afirmou Mizintsev. Na terça-feira, "às 22 horas locais [21h no Luxemburgo], ninguém tinha chegado ao corredor [humanitário] indicado", assinalou.
A Rússia atribuiu o fracasso de mais um ultimato dado à resistência ucraniana na gigante metalúrgica, cercada por tropas de Moscovo, ao facto de "as autoridades de Kiev continuarem a enganar o seu próprio povo, convencendo-o da alegada ausência de capacidades de evacuação".
Mizíntsev afirmou que as tropas ucranianas e o batalhão Azov, que ainda se mantêm na fábrica, "conscientes do desânimo da sua situação, estão dispostos a depor as armas, mas apenas sob as ordens de Kiev, porque na ausência de Kiev, um tribunal militar os esperaria".
Zelensky diz que Exército russo pode ser o "mais bárbaro" da história
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, realçou na terça-feira que a Rússia está a "apostar tudo o que têm" na Ucrânia e acusou o Exército russo de se estar a inscrever como o "mais bárbaro e desumano" da história.
"Mobilizaram quase tudo e todos que é capaz de combater a Ucrânia", referiu o governante, no seu discurso de vídeo dirigido ao país.
Zelensky explicou que a maioria das forças russas prontas para o combate estão agora concentradas na Ucrânia ou junto à fronteira na Rússia.
Apesar da Rússia garantir que está a atingir apenas alvos militares, o chefe de Estado ucraniano apontou que as forças russas continuam a "atacar residenciais e a matar civis". "O Exército russo está, com esta guerra, a inscrever-se para sempre na história mundial como o Exército mais bárbaro e desumano do mundo", vincou Zelensky.
O presidente ucraniano adiantou que a situação em Mariupol permanece inalterada, descrevendo-a como "o mais difícil possível", devido ao bloqueio dos militares russos de todas as tentativas de estabelecer corredores humanitários para fora daquela cidade portuária estratégica no sudeste da Ucrânia, de forma a "salvar o povo".
Volodymyr Zelensky acrescentou que o Kremlin (presidência russa) não respondeu a uma proposta de Kiev para a troca de Viktor Medvedchuk, deputado e empresário próximo de Vladimir Putin, atualmente detido, por defensores de Mariupol.
O governante pediu ainda aos países ocidentais para fornecerem as armas prometidas o mais rápido possível. "Se recebermos agora o que alguns dos nossos parceiros planeiam dar à Ucrânia nas próximas semanas, isso poderá salvar a vida de milhares e milhares de pessoas", garantiu.
Charles Michel está em Kiev
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, instância que representa os Estados membros da União Europeia, chegou esta quarta-feira a Kiev numa altura em que a Rússia lança uma nova ofensiva no leste do país.
Charles Michel anunciou a deslocação à capital ucraniana através de uma mensagem difundida pela rede social Twitter.
"Em Kiev, hoje, no coração da Europa livre e democrática" escreveu Charles Michel na mensagem que acompanha uma fotografia captada numa gare ferroviária da capital ucraniana.
"A história não esquecerá os crimes de guerra" na Ucrânia, disse na quarta-feira o presidente do Conselho Europeu durante uma visita a Borodianka, perto de Kiev, onde civis foram vítimas de "massacres" cometidos pelos russos, de acordo com as autoridades ucranianas.
"Em Borodianka, como em Butcha e em tantas outras cidades da Ucrânia, a história não esquecerá os crimes de guerra que aqui foram cometidos", escreveu Michel no Twitter, acompanhando a sua mensagem com uma fotografia sua abraçando uma mulher. "Não pode haver paz sem justiça", acrescentou.
Noruega enviou uma centena de mísseis antiaéreos
O governo da Noruega anunciou esta quarta-feira o envio de mais de uma centena de mísseis antiaéreos para a Ucrânia, como parte da ajuda militar a Kiev que enfrenta a invasão das forças de Moscovo.
Anteriormente, as autoridades norueguesas autorizaram várias doações de armas às forças ucranianas, entre as quais "quatro mil baterias antiaéreas".
"O conflito na Ucrânia pode vir a ser prolongado e o país depende do apoio internacional contra a agressão russa. Por isso, o governo [de Oslo] decidiu doar mísseis antiaéreos à Ucrânia", refere o ministro da Defesa Bjorn Arild Gram em comunicado.
Trata-se de armamento que as autoridades de Oslo já tinham decidido substituir e que, por isso, "não vai ter grandes consequências para a capacidade operacional" da Noruega, disse ainda Gram.
"Os mísseis iam ser eliminados [pelo Ministério da Defesa] mas continuam a ser armas modernas e eficazes que podem vir a ter grande utilidade para a Ucrânia. Outros países já doaram sistemas semelhantes", refere ainda o comunicado. O Ministério da Defesa acrescenta que as armas já foram enviadas para a Ucrânia.
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