"Sputnik V". Os países interessados na vacina russa
"Sputnik V". Os países interessados na vacina russa
(CO/AFP e TASS)
Já há países interessados em adquirir a vacina contra a covid-19, chamada de Sputnik V, anunciada a 11 de agosto pela Rússia. Mesmo após as reticências da OMS sobre o feito, afirmando mesmo que só tem registo da primeira fase de testes, alguns países demonstraram interesse em assegurar a 'poção' russa.
Logo após o anúncio, o diretor do fundo de investimento russo envolvido na investigação, Kirill Dmitriev, afirmou que as Filipinas e os Emirados Árabes Unidos demonstraram interesse na Sputnik V, num total de 20 países da América Latina, Médio Oriente e Ásia.
Entretanto o estado brasileiro do Paraná anunciou também que um acordo com a Rússia está para breve. O contrato deverá ser assinado esta quarta-feira, disse na televisão brasileira Jorge Callado, presidente do Instituto de Tecnologia de Curitiba (Tecpar). A agência de notícias TASS acrescenta mesmo que os testes da vacina russa deverão arrancar no Brasil na próxima semana, apesar de a autoridade sanitária brasileira Anvisa ter dito que não recebeu qualquer pedido de teste ou registo da vacina.
Também a ministra da Saúde israelita, Juli Edelstein, anunciou que Israel está interessado em saber mais sobre a vacina russa. As autoridades russas afirmaram que os pedidos ascedem a mais de mil milhões de doses. E mencionam também o interesse do estrangeiro em participar na terceira fase de testes, decisiva para uma possível aprovação.
OMS e Irão apreensivos
Na reação imediata ao anúncio russo, o principal organismo de saúde mundial, OMS, reiterou que nem a eficácia nem os efeitos secundários do Sputnik V podem ser avaliados numa base sólida. De acordo com o organismo, o estudo russo está listado na primeira fase de testes, quando as autoridades russas dizem estar já na terceira fase.
Ate à data não foi publicado nenhum estudo detalhado dos resultados dos ensaios para estabelecer a eficácia do produto um procedimento que contradiz o procedimento internacional habitual. Os especialistas reiteram assim que a "pré-qualificação" e o licenciamento de uma vacina exige procedimentos "rigorosos".
O Irão mostrou-se também apreensivo ao comparar a vacina com a Caixa de Pandora. "Até todos os ensaios clínicos estarem concluídos, a utilização de vacinas é como uma caixa de Pandora e, portanto, potencialmente perigosa", afirmou um porta-voz do ministério da Saúde iraniano no Twitter. De acordo com a mitologia grega, a Caixa de Pandora continha todos os males do mundo. Com a abertura da caixa os males fugiram para o mundo
"Todos os Estados devem estar conscientes de que uma corrida a uma vacina não deve ter outro objetivo que não o de proteger a saúde das pessoas", acrescentou. As autoridades de Teerão afirmam ainda estar a trabalhar numa própria vacina e anunciou resultados para breve.
Jornal Le Figaro: "Vacina de Putin pode revelar-se perigosa"
Também a imprensa, nomeadamente o jornal francês Le Figaro, se juntou às vozes reticentes em relação à vacina russa. Num artigo publicado no jornal esta quarta-feira, intitulado "Porque a vacina russa não está à frente da corrida planetária", o jornalista descreve o feito de "ineficiente" e "perigoso."
"Ao autorizar o lançamento no mercado do seu país antes das fases de testes essenciais para o lançamento terem sido concluídas, Putin está a expor a sua população a um produto que pode revelar-se ineficiente ou mesmo perigoso." (…) Putin deveria ter-se lembrado, por precaução, que embora o Sputnik tenha trazido a Moscovo a sua primeira vitória na conquista do espaço, os soviéticos perderam a corrida e nunca conseguiram pôr os pés na lua".
Recorde-se que Sputnik foi o nome dado ao primeiro satélite a ser enviado para o espaço, visto como uma vitória política da ex-URSS durante a Guerra Fria.
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