"Sem palavras". Alemanha em choque com homicídio cometido por duas meninas
"Sem palavras". Alemanha em choque com homicídio cometido por duas meninas
Duas meninas de 12 e 13 anos mataram uma outra, de 12 anos, no passado sábado, e deixaram a Alemanha em estado de choque. Luise foi esfaqueada várias vezes e deixada, bastante ferida, perto de uma ciclovia numa antiga estação de comboios no estado da Renânia-Palatinado. Esvaiu-se em sangue - a causa da morte foi divulgada esta terça-feira pelo Ministério Público alemão, dia em que revelou o crime e os seus macabros contornos. O caso não tem precedentes na história recente da Alemanha e é excecional à escala europeia.
Durante a conferência de imprensa, os investigadores demonstraram a sua incredulidade. "Após 40 anos de serviço, ainda há acontecimentos que nos deixam sem palavras", disse Jürgen Süss, vice-presidente da polícia de Coblença. "O próprio crime é muito excecional e perturba-nos", acrescentou o procurador do Ministério Público alemão.
O chefe do governo do estado da Renânia do Norte-Vestefália (Alemanha ocidental), Hendrick Wüst, também não escondeu a emoção. "É difícil imaginar e suportar que crianças sejam capazes de tais atos", afirmou, durante a conferência de imprensa.
Segundo o líder conservador, "o número de crimes e atos violentos cometidos por adolescentes ou crianças com menos de 14 anos tem vindo a aumentar nos últimos anos". E, por isso, apelou a mais trabalho de prevenção neste grupo etário.
Luise tinha estado desaparecida desde que deixou a casa de um amigo que visitara no final da tarde de sábado, não muito longe de Freudenberg, a cidade de 17.000 habitantes onde vivia.
Cerca de três horas após o seu desaparecimento, os pais alertaram a polícia. O corpo sem vida da filha acabaria por ser encontrado no domingo pela polícia, num bosque a poucos quilómetros de casa.
"[Luise] morreu após perder muito sangue em resultado das numerosas facadas [com que foi atingida]", disse o procurador Mario Mannweiler, de Koblenz.
As duas meninas confessaram o crime e "deram informações sobre o caso", disse o chefe da polícia de Coblença. Mas a arma do crime ainda não foi encontrada.
Um caso "complexo"
As pré-adolescentes e Luise conheciam-se, acrescentou Mannweiler, mas recusou-se a dar quaisquer outros pormenores, incluindo se estavam na mesma turma ou na mesma escola. Nada se sabe, ainda, sobre a identidade das meninas ou sobre o alegado motivo para o crime violento.
"É complexo. O que seria uma possível motivação para uma criança pode ser completamente incompreensível para um adulto", acrescentou o chefe da polícia de Coblença, a terceira maior cidade do estado alemão de Renânia-Palatinado.
Na Europa, houve poucos casos semelhantes. A idade das homicidas no mais recente crime lembra a tragédia de Liverpool de 1993, quando Jon Venables e Robert Thompson, então com 10 anos, raptaram, torturaram e mataram James Bulger, de dois anos. O corpo do rapaz foi encontrado dois dias depois perto de uma linha de caminho de ferro.
Recentemente, em França, dois adolescentes, um rapaz de 17 anos e uma rapariga de 16 anos, foram condenados, em outubro do ano passado, pelo homicídio de Alisha, uma estudante de 14 anos que foi espancada e atirada para o Sena em Argenteuil, perto de Paris, em 2021. Na altura, os homicidas tinham 15 anos de idade.
*Com AFP
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