Salvini retira apoio a governo italiano e exige eleições antecipadas
Salvini retira apoio a governo italiano e exige eleições antecipadas
A crise entre os dois partidos que compõem a coligação que governa Itália parece ter chegado ao ponto de não-retorno. O vice-presidente e ministro da Administração Interna, Matteo Salvini, líder da Liga Norte, de extrema-direita, deu a experiência governamental por terminada e pediu ao primeiro-ministro Giuseppe Conte para se apresentar “imediatamente no parlamento” e exigiu a convocatória de eleições antecipadas o mais rapidamente possível. Nos últimos dias, as tensões entre os dois parceiros aumentaram devido ao transporte ferroviário de alta velocidade, um tema que aprofundou a divisão.
O primeiro-ministro Antonio Conte que se reuniu ontem de emergência com Salvini na sede do governo italiano atacou o ministro da Administração Interna por instigar uma crise por querer “capitalizar o apoio que atualmente tem a Liga”. Anunciou ainda a intenção de convocar as duas câmaras para constatar que apoio tem. “Não compete a Salvini decidir os tempos”, apontou numa intervenção sem direito a perguntas.
Desde quarta-feira que se falava de uma profunda remodelação do executivo mas a Liga rejeitou essa hipótese e exigiu, num duro comunicado, a ida às urnas. “Cada dia que passa é um dia perdido. A única alternativa a este governo é voltar a dar a palavra aos italianos com novas eleições”, sublinhou.
A crise no governo rebentou com a votação na quarta-feira, no senado, de uma moção para bloquear as obras da linha de alta velocidade entre Turim e Lyon, moção proposta pelo Movimento 5 Estrelas (M5S). A Liga aliou-se à oposição e votou contra o documento.
Conte, figura escolhida pelos dois partidos para liderar o governo e que tem servido de ponte em várias ocasiões é apontado como a única possibilidade do M5S para fazer frente a Salvini. Luigi di Maio, vice-primeiro-ministro e líder do partido, aparece como uma figura cada vez mais ausente e aprovou a celebração de eleições antecipadas.
O primeiro-ministro, que se reuniu esta manhã com o Presidente da República, Sergio Mattarella, para analisar a situação, defendeu o trabalho do executivo e disparou contra Salvini: “Este governo trabalhou muito, não está na praia”. Numa referência ao périplo do líder de extrema-direita por várias praias onde contacta eleitores e faz comícios apesar de ter dito que não tiraria férias.
Consciente de que tem a faca e o queijo na mão, Salvini aproveitou os últimos meses para capitalizar-se politicamente com a vitória obtida nas eleições europeias. Neste momento, as sondagens dão à Liga mais de 36% de intenção de voto. O ministro da Administração Interna decidiu dinamitar o governo precisamente dois dias depois de o senado ter dado luz verde à polémica lei anti-imigração.
Fica agora por perceber se de facto o atual primeiro-ministro conta com os apoios suficientes para continuar a governar. Muito provavelmente teria de procurar uma nova maioria apoiada noutros partidos mas a hipótese mais realista é o recurso a novas eleições.
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