Republicanos querem adiar decisão de impeachment de Trump para fevereiro
Republicanos querem adiar decisão de impeachment de Trump para fevereiro
Os republicanos no Senado dos EUA pediram aos democratas para adiar o início do julgamento de impeachment do ex-presidente Donald Trump até fevereiro.
O objetivo, segundo argumenta o partido que apoio o ex-chefe de Estado, é que este tenha tempo de preparar a sua defesa. Trump está acusado de incitar à insurreição, na sequência da invasão do Capitólio, em Washington, pelos seus apoiantes, no dia 6 de janeiro.
Nesse dia, num comício em frente à Casa Branca, o então Presidente cessante, pediu aos manifestantes para se dirigirem para o edifício onde funcionam os órgãos políticos de soberania do país e fazerem ouvir a sua voz, em protesto contra o que considerou ser uma “fraude eleitoral”.
A Câmara dos Representantes dos Estado dos Estados Unidos da América aprovou dias depois, a 13 de janeiro, a instauração de um processo de destituição a Donald Trump, sob a acusação de ter incitado o ataque ao Capitólio.
Apesar da obtenção de uma maioria na Câmara de Representantes para iniciar o julgamento político de Trump, o processo segue para o Senado, que é agora controlado pelos democratas, onde é necessária a aprovação de uma maioria de dois terços.
Segundo a BBC, esta quinta-feira, o líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell pediu aos democratas da Câmara de Representantes que adiassem o envio do artigo do impeachment para o Senado até 28 de janeiro - uma medida que daria início à primeira fase do julgamento.
De acordo com este calendário, Trump teria então duas semanas - até 11 de fevereiro - para apresentar a sua defesa antes do julgamento - começando a apresentação de argumentos em meados desse mês.
"Os republicanos do Senado estão fortemente unidos no apoio ao princípio de que a instituição do Senado, o cargo da presidência e o próprio ex-Presidente Trump merecem um processo completo e justo que respeite os seus direitos e as graves questões factuais, jurídicas e constitucionais em jogo", referiu Mitch McConnell, numa declaração.
O partido republicano espera que o novo líder da maioria democrática, Chuck Schumer, concorde com o pedido. Da parte da Câmara de Representantes ainda não é claro o acordo para uma nova data, mas a realização do julgamento não está, para já, posta em causa.
A presidente do órgão, Nancy Pelosi, não avançou uma data para enviar ao Senado a iniciativa de destituição contra Donald Trump, contudo insistiu que um julgamento deve ser realizado, mesmo com o apelo do novo presidente Jode Biden à unidade.
"Será em breve. Não acho que demore muito, mas deve ser feito", disse a líder democrata aos jornalistas, citada pela AFP.
Pelosi acrescentou que o Senado deverá examinar a estrutura de um julgamento contra Trump, que seria o primeiro ex-presidente americano a enfrentar este processo no Congresso.
Questionada sobre se esse julgamento afetaria a mensagem de unidade de Biden, proferida no seu discurso de tomada de posse, na quarta-feira passada, a líder da Câmara de Representantes rejeitou que uma coisa seja impeditiva da outra.
"Isso não me preocupa. O facto é que o presidente dos Estados Unidos cometeu um ato de incitamento à insurreição", afirmou, sublinhando que nada se unifica dizendo aos americanos para "esquecer e seguir em frente".
Apesar de ter havido críticas aos acontecimentos de dia 6 de janeiro e à postura de Trump também da parte de republicanos, nem todos estão dispostos a torná-las consequentes e a penalizar juridicamente os atos do ex-Presidente, alegando que isso levará a mais divisões no país, lançando também dúvidas sobre a legalidade de julgar um presidente depois de este ter deixado o cargo. Uma destituição nesta fase pode, no entanto, impedir que Donald Trump volte a exercer um cargo público.
Ainda que os democratas controlem o Senado, a margem é estreita e para haver um impeachment ao ex-Presidente será preciso o apoio de pelo menos 17 republicanos para garantir os dois terços necessários.
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