Escolha as suas informações

Putin compara guerra na Ucrânia à Segunda Guerra Mundial
Mundo 3 min. 03.02.2023
80 anos da Batalha de Estalinegrado

Putin compara guerra na Ucrânia à Segunda Guerra Mundial

Detratores do regime dizem que Putin instrumentaliza a História para justificar a sua política
80 anos da Batalha de Estalinegrado

Putin compara guerra na Ucrânia à Segunda Guerra Mundial

Detratores do regime dizem que Putin instrumentaliza a História para justificar a sua política
Foto: Mikhail KLIMENTYEV/SPUTNIK/AFP
Mundo 3 min. 03.02.2023
80 anos da Batalha de Estalinegrado

Putin compara guerra na Ucrânia à Segunda Guerra Mundial

AFP
AFP
"É inacreditável, mas os tanques alemães com cruzes suásticas estão a ameaçar-nos novamente", afirmou o presidente russo.

"Os tanques alemães estão a ameaçar-nos de novo", disse Vladimir Putin na quinta-feira, traçando um paralelo entre a sua ofensiva militar na Ucrânia e a guerra contra o nazismo, no 80.º aniversário da vitória soviética sobre os exércitos de Hitler em Estalinegrado.


Os ministros dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, e o israelita, Yair Lapid.
Hitler "também tinha origens judaicas". Lavrov compara Zelensky a líder nazi
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel condenou esta segunda-feira as "graves declarações" feitas pelo seu homólogo russo, Serguei Lavrov.

Há muitos anos que o presidente russo se apresenta como um defensor convicto da memória do triunfo da URSS sobre a Alemanha nazi, fonte de imenso orgulho na Rússia e que se tornou praticamente um culto de Estado.

E, desde o início da invasão russa a 24 de fevereiro, Putin tem mobilizado frequentemente este imaginário, assegurando que os líderes políticos no poder em Kiev são "neonazis" responsáveis por um "genocídio" das populações russófonas do país vizinho.

Na quinta-feira, diante de soldados cobertos de medalhas e oficiais reunidos em Volgogrado (sudoeste), a antiga Estalinegrado, voltou a insistir nesta narrativa.

"É inacreditável, mas os tanques alemães Leopard com cruzes suásticas estão a ameaçar-nos novamente", afirmou, comparando os tanques Leopard 2 de fabrico alemão, recentemente prometidos aos ucranianos pelo Ocidente, aos panzers de Hitler.   

Russos têm posição ambivalente em relação a Estaline

"E, mais uma vez, os sucessores de Hitler querem lutar com a Rússia em solo ucraniano usando os 'banderovtsy'", acrescentou, numa referência aos seguidores do ultranacionalista ucraniano Stepan Bandera (1909-1959), que colaborou com os nazis durante a Segunda Guerra Mundial e que o Kremlin usa regularmente para desacreditar as autoridades ucranianas.

Segundo os seus detratores, Vladimir Putin usa conscientemente a História para defender a sua política, mesmo que isso signifique glorificar o poder da URSS e minimizar os seus crimes.

Considerada uma das batalhas mais sangrentas da história, com cerca de dois milhões de mortos, a Batalha de Estalinegrado (1942-1943) mudou o curso do conflito.

A vitória soviética na cidade assume um significado simbólico acrescido com a aproximação do primeiro aniversário do lançamento da operação militar na Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, numa altura em que os russos intensificam os seus ataques na Ucrânia oriental após uma série de contratempos no Outono.


O que vai na cabeça de Vladimir Putin?
O Contacto ouviu dois investigadores para perceber a influência da personalidade do Presidente russo no seu estilo de liderança e na decisão de invadir a Ucrânia neste momento.

Na véspera do 80.º aniversário da vitória em Estalinegrado, um busto de Estaline foi revelado na cidade de um milhão de pessoas nas margens do Volga.

Desde a queda da URSS, as autoridades russas têm tido uma posição ambivalente em relação a Estaline: oficialmente denunciado pelo Terror de Estado que orquestrou na década de 1930 e até à sua morte em 1953, continua enterrado em frente ao Kremlin, na Praça Vermelha.

Cidade é renomeada Estalinegrado seis vezes por ano

Continua a ser respeitado por muitos russos, que destacam o seu papel na derrota da Alemanha nazi contra a União Soviética.

Na quinta-feira, realizou-se um desfile militar em Volgogrado. Foram também depositadas muitas coroas de flores no Mamaev Kurgan, colina estratégica que foi palco de terríveis combates e é um local de peregrinação há décadas para aqueles que desejam prestar tributo aos feitos do Exército Vermelho.

A Batalha de Estalinegrado, iniciada em julho de 1942, durou 200 dias e noites. A cidade foi transformada num campo de ruínas e foi palco de devastadores bombardeamentos aéreos alemães e combates de rua extremamente violentos.

A 2 de fevereiro de 1943, as tropas do marechal alemão Friedrich Paulus, cercadas, renderam-se, a primeira rendição de um exército nazi desde o início da guerra.


"III Guerra Mundial? Já entrámos nela há algum tempo", diz biógrafa de Putin
"Putin está a agir de forma cada vez mais emocional e poderá usar todas as armas ao seu dispor. Incluindo as nucleares. É importante não ter nenhumas ilusões, mas também não perder a esperança", diz a ex-conselheira nacional de defesa norte-americana, Fiona Hill. (Recorde o artigo).

Completamente reconstruída por ordem das autoridades soviéticas, Estalinegrado foi rebatizada Volgogrado em 1961, oito anos após a morte de Joseph Stalin.

Desde 2013, em virtude de uma decisão dos eleitos locais, é "renomeada" Estalinegrado seis vezes por ano, nomeadamente no dia 2 de fevereiro pelo aniversário da vitória naquele local  e no dia 9 de maio, data em que a Rússia comemora a derrota da Alemanha nazi.

O Contacto tem uma nova aplicação móvel de notícias. Descarregue aqui para Android e iOS. Siga-nos no Facebook, Twitter e receba as nossas newsletters diárias.