Putin compara guerra na Ucrânia à Segunda Guerra Mundial
Putin compara guerra na Ucrânia à Segunda Guerra Mundial
"Os tanques alemães estão a ameaçar-nos de novo", disse Vladimir Putin na quinta-feira, traçando um paralelo entre a sua ofensiva militar na Ucrânia e a guerra contra o nazismo, no 80.º aniversário da vitória soviética sobre os exércitos de Hitler em Estalinegrado.
Há muitos anos que o presidente russo se apresenta como um defensor convicto da memória do triunfo da URSS sobre a Alemanha nazi, fonte de imenso orgulho na Rússia e que se tornou praticamente um culto de Estado.
E, desde o início da invasão russa a 24 de fevereiro, Putin tem mobilizado frequentemente este imaginário, assegurando que os líderes políticos no poder em Kiev são "neonazis" responsáveis por um "genocídio" das populações russófonas do país vizinho.
Na quinta-feira, diante de soldados cobertos de medalhas e oficiais reunidos em Volgogrado (sudoeste), a antiga Estalinegrado, voltou a insistir nesta narrativa.
"É inacreditável, mas os tanques alemães Leopard com cruzes suásticas estão a ameaçar-nos novamente", afirmou, comparando os tanques Leopard 2 de fabrico alemão, recentemente prometidos aos ucranianos pelo Ocidente, aos panzers de Hitler.
Russos têm posição ambivalente em relação a Estaline
"E, mais uma vez, os sucessores de Hitler querem lutar com a Rússia em solo ucraniano usando os 'banderovtsy'", acrescentou, numa referência aos seguidores do ultranacionalista ucraniano Stepan Bandera (1909-1959), que colaborou com os nazis durante a Segunda Guerra Mundial e que o Kremlin usa regularmente para desacreditar as autoridades ucranianas.
Segundo os seus detratores, Vladimir Putin usa conscientemente a História para defender a sua política, mesmo que isso signifique glorificar o poder da URSS e minimizar os seus crimes.
Considerada uma das batalhas mais sangrentas da história, com cerca de dois milhões de mortos, a Batalha de Estalinegrado (1942-1943) mudou o curso do conflito.
A vitória soviética na cidade assume um significado simbólico acrescido com a aproximação do primeiro aniversário do lançamento da operação militar na Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, numa altura em que os russos intensificam os seus ataques na Ucrânia oriental após uma série de contratempos no Outono.
Na véspera do 80.º aniversário da vitória em Estalinegrado, um busto de Estaline foi revelado na cidade de um milhão de pessoas nas margens do Volga.
Desde a queda da URSS, as autoridades russas têm tido uma posição ambivalente em relação a Estaline: oficialmente denunciado pelo Terror de Estado que orquestrou na década de 1930 e até à sua morte em 1953, continua enterrado em frente ao Kremlin, na Praça Vermelha.
Cidade é renomeada Estalinegrado seis vezes por ano
Continua a ser respeitado por muitos russos, que destacam o seu papel na derrota da Alemanha nazi contra a União Soviética.
Na quinta-feira, realizou-se um desfile militar em Volgogrado. Foram também depositadas muitas coroas de flores no Mamaev Kurgan, colina estratégica que foi palco de terríveis combates e é um local de peregrinação há décadas para aqueles que desejam prestar tributo aos feitos do Exército Vermelho.
A Batalha de Estalinegrado, iniciada em julho de 1942, durou 200 dias e noites. A cidade foi transformada num campo de ruínas e foi palco de devastadores bombardeamentos aéreos alemães e combates de rua extremamente violentos.
A 2 de fevereiro de 1943, as tropas do marechal alemão Friedrich Paulus, cercadas, renderam-se, a primeira rendição de um exército nazi desde o início da guerra.
Completamente reconstruída por ordem das autoridades soviéticas, Estalinegrado foi rebatizada Volgogrado em 1961, oito anos após a morte de Joseph Stalin.
Desde 2013, em virtude de uma decisão dos eleitos locais, é "renomeada" Estalinegrado seis vezes por ano, nomeadamente no dia 2 de fevereiro pelo aniversário da vitória naquele local e no dia 9 de maio, data em que a Rússia comemora a derrota da Alemanha nazi.
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