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Presidente ucraniano e Casa Branca dizem que o ataque será dia 16
Mundo 6 min. 15.02.2022 Do nosso arquivo online
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Presidente ucraniano e Casa Branca dizem que o ataque será dia 16

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Presidente ucraniano e Casa Branca dizem que o ataque será dia 16

Foto: Cedric Rehman
Mundo 6 min. 15.02.2022 Do nosso arquivo online
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Presidente ucraniano e Casa Branca dizem que o ataque será dia 16

Telma MIGUEL
Telma MIGUEL
Entretanto, todos os intervenientes acreditam que o diálogo com Putin ainda é possível. O chanceler alemão vai amanhã a Moscovo, enquanto a NATO continua a enviar tropas para os países vizinhos. A Casa Branca teme que Putin fabrique um incidente para justificar a invasão.

Na interminável tensão diplomática e iminência de uma guerra entre a Rússia, a Ucrânia e os países da NATO, esta semana intensificam-se as visitas de líderes dos países ocidentais a Kiev e a Moscovo. Ao mesmo tempo chegam soldados à Roménia, aviões caça espanhóis à Bulgária e a Alemanha envia 350 soldados e 100 veículos para a Lituânia. 

As vias para as negociações continuam abertas, enquanto as várias potências já estão a rufar os tambores de guerra. A Casa Branca avisou na semana passada que uma invasão russa da Ucrânia seria possível ainda antes do fim dos Jogos Olímpicos de Inverno que terminam dia 20, em Pequim, e Biden anunciou numa entrevista televisiva que se os russos dispararem contra americanos a guerra seria mundial. O tempo parece estar a esgotar-se. Ao início desta noite, (na Europa) a Casa Branca e o presidente Zelensky divulgaram uma data mais precisa: a invasão poderá acontecer já na quarta-feira, dia 16.

Vladimir Putin poderia encenar uma “operação de bandeira falsa” – em que soldados russos vestidos como se fossem ucranianos criam um incidente – para justificar a invasão - segundo previu o conselheiro nacional de Segurança norte-americano, Jake Sullivan, neste domingo, num canal de televisão norte-americano.

São Valentim em Kiev, e treino militar a civis

Os paradoxos são muitos. Neste dia de São Valentim, segundo relata o repórter da CNN Portugal Filipe Caetano, os ucranianos festejaram o dia dos namorados como em qualquer capital europeia. O presidente ucraniano tem apelado à calma dos cidadãos, que têm continuado a sua vida normal, ao mesmo tempo que foi fornecido a todas as gerações treino militar para protegerem o território em caso de invasão das tropas russas (com mais de 100 mil soldados) que estão estacionadas nas tês linhas de fronteira. Só hoje, já durante a noite, e depois da reunião com o chanceler alemão Olaf Scholz, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, avisou que um ataque russo pode acontecer no dia 16.

Entretanto, os EUA terminaram esta segunda-feira a operação de evacuar a embaixada em Kiev e transferi-la para uma pequena cidade na fronteira com a Polónia. Já tinham encorajado todos os americanos a sair do país, avisando que eles não serão resgatados em caso de deflagrar uma guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Também Israel, a Alemanha e o Reino Unido pediram neste sábado a todos os seus cidadãos que deixassem o país por precaução. E os países da União Europeia têm entrado em contacto com os residentes na Ucrânia para se prepararem para deixar o país, mantendo os carros com os depósitos atestados. 

Putin entrevista o seu ministro. Lavrov diz -lhe: “o diálogo não está esgotado” 

Esta segunda-feira, num curioso diálogo encenado para as televisões, Putin perguntava ao seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov,:“Ainda há possibilidade de haver diálogo com os nossos parceiros nos assuntos fundamentais que nos dizem respeito?  Ou eles querem apenas arrastar-nos para intermináveis negociações sem qualquer resolução lógica”?

Sergey Lavrov responde: “O presidente já o disse, eu e outros representantes da Federação Russa também, e já alertámos os nossos parceiros para a inadmissibilidade de discussões intermináveis em assuntos que têm que ser resolvidos hoje. Mas mesmo assim, como ministro dos Negócios Estrangeiros, devo dizer que existe sempre uma possibilidade. Os seus últimos contactos com os líderes dos EUA, França, e o chanceler alemão - que chega amanhã - e virá também o presidente italiano. E teremos a possibilidade de esclarecer o nosso compromisso com a retidão das nossas propostas. E parece-me que as nossas opções de diálogo estão longe de estar esgotadas”.

No sábado, dia 12, o secretário de Estado norte-americano comunicou ao ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, que ainda havia espaço para uma solução diplomática “se Moscovo decidir ‘desescalar’ e envolver-se nas discussões diplomáticas”.

Larguem o NordStream 2, diz Boris Johnson 

O primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, salientou -  depois de umas declarações confusas do embaixador ucraniano em Londres sobre a possibilidade de a Ucrânia desistir da NATO – que “ o direito de adesão à NATO não pode ser transacionado. É importante ter diálogo mas não podemos trocar o direito da Ucrânia a aderir à NATO”.  Boris Johnson sublinhou que “a situação é muito difícil” e que “estamos à beira do precipício”, mas, no entanto, “ainda há tempo de o presidente Putin recuar”. O seu conselho - que parece especialmente dirigido ao chanceler alemão que não consegue emitir uma declaração formal de que a Alemanha prescinde do gás russo da Gazprom – é que “o que todos os países europeus têm que fazer agora é tirar o Nord Stream do sistema”. A não autorização do NordStream 2, o gasoduto que canaliza gás do Mar Báltico para a Alemanha, é uma das armas que a UE tem contra a Rússia. Mas a Alemanha está demasiado comprometida neste processo. Não só porque acredita que precisa do gás no seu mix energético, como o antigo chanceler Gerhard Schröder, foi na semana passada nomeado administrador da Gazprom (detentora do NordStream 2) . E também na semana passada, quando Biden disse em conferência de imprensa que se Putin atacasse, o NordStream 2 seria definitivamente fechado, Scholz - no pódio ao lado do presidente norte-americano - manteve um silêncio comprometido. 

Amanhã é Scholz quem vai a Moscovo . Esta segunda-feira, numa conferência de imprensa conjunta, Scholz e Zelenskiy sugeriram a fraca probabilidade de a Ucrânia aderir à NATO num futuro próximo (é este o principal motivo que Putin alega para invadir esta antiga república soviética). Mas, disse Scholz, este é um “não motivo”. “A questão da Ucrânia se tornar membro da Aliança Atlântica não está praticamente na agenda”, disse. “E é por isso que é tão estranho observar que o governo russo esteja a fazer um grande caso disso”. 

A desafinação europeia 

Entretanto, numa entrevista à RTL, o eurodeputado luxemburguês do CSV Christophe Hansen acusou a União Europeia de estar a assistir ao desenrolar dos acontecimentos como se estivesse à distância, “deixando que seja o presidente dos EUA, Joe Biden, a representar tanto “o Ocidente” como a NATO.  O eurodeputado lamentou também, na mesma entrevista, que haja países a tomar iniciativas individuais junto do líder em Moscovo, como é o caso da Alemanha e da França. 

O resultando é uma resposta fraca: " Há uma posição única? Estão o presidente Macron e o chanceler Scholz a transmitir a mesma mensagem? E a mesma mensagem do primeiro-ministro Bettel durante o seu telefonema com Putin? Duvido. Precisamos de melhorar o nosso discurso comum e garantir que definimos claramente as sanções”, considerou. 

Quarta-feira, na sessão plenária do Parlamento Europeu em Estrasburgo, o representante da UE para as Relações Externas, Josep Borrell irá dar conta dos esforços diplomáticos europeus. Nesse dia, segundo as previsões da casa Branca e de Zelensky, Putin manda os tanques para a Ucrânia. 

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