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Portugueses participam na greve dos enfermeiros no Reino Unido
Mundo 3 min. 06.02.2023
Protesto

Portugueses participam na greve dos enfermeiros no Reino Unido

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Portugueses participam na greve dos enfermeiros no Reino Unido

Foto: Daniel LEAL/AFP
Mundo 3 min. 06.02.2023
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Portugueses participam na greve dos enfermeiros no Reino Unido

Lusa
Lusa
O sindicato Royal College of Nursing (RCN) iniciou esta segunda-feira uma greve de 48 horas em Inglaterra para exigir aumentos de salários acima dos cerca de 4,8 por cento propostos pelo Governo.

Enfermeiros portugueses no Reino Unido também estão a aderir à greve da profissão, insatisfeitos com as condições de trabalho que os levaram a emigrar, afirmou esta segunda-feira a madeirense Tânia Alves à agência Lusa.  


Mais de 3.300 enfermeiros saíram de Portugal desde 2020
Suíça é o principal país de destino para trabalhar, segundo dados da Ordem dos Enfermeiros, que apontam também para uma subida da emigração em 2022.

“Qualquer um dos colegas com quem falei, até de diferentes hospitais, porque conhecemos-nos uns aos outros, apoiam a greve e há muitos que estão na rua hoje”, afirmou à Lusa à porta do University College London Hospital, em Londres, onde se formou um piquete de greve. 

O sindicato Royal College of Nursing (RCN) iniciou esta segunda-feira uma greve de 48 horas em Inglaterra para exigir aumentos de salários acima dos cerca de 4,8 por cento propostos pelo Governo, invocando o poder de compra perdido devido à inflação, que se encontra há vários meses acima dos 10%. 

Esta é a quinta vez que os enfermeiros britânicos fazem greve desde dezembro de 2022, quando a maioria dos membros do RCN votou a favor de paralisações pela primeira vez em 106 anos de história para pressionar o Governo a negociar.

Alves, que se encontra no Reino Unido desde 2013, disse que foi atraída para trabalhar no país não só por uma remuneração mais elevada, mas também com as possibilidades de formação e melhores condições de trabalho em geral. 

Sistema "não acompanha" subida do custo de vida

“Ao longo destes 10 anos, vemos a diferença, porque o custo de vida subiu bastante e o sistema não está a acompanhar”, afirmou.  


Primeira greve de enfermeiros em 100 anos vai afetar "milhões" no Reino Unido
O RCN convocou para os dias 15 e 20 de dezembro as primeiras greves no seus 106 anos de história, em reivindicação por um aumento salarial de 19%, o que deverá resultar no cancelamento de consultas e tratamentos planeados.

Uma consequência é a escassez de pessoal, com turnos incompletos regularmente, o que leva os enfermeiros a fazerem horas extraordinárias ou hospitais a recorrerem a agências externas de recursos humanos. 

“Há muitos enfermeiros a desistir, existem muitas vagas, não existem incentivos para que os colegas mais novos se juntem à profissão [porque] é muito mais fácil as pessoas irem trabalhar para o [setor] privado”, lamentou. 

A perda de colegas, sobretudo mais experientes, explicou, resulta numa sobrecarga dos atuais profissionais e uma descida da qualidade dos cuidados devido ao rácio mais baixo de profissionais de saúde por paciente. 

Segundo estatísticas oficiais, existem cerca de 133.500 vagas por preencher no sistema de saúde público em Inglaterra (NHS England), equivalente a quase 10% do total de postos existentes. 

“Para manter a qualidade do serviço [de saúde] implica um esforço pessoal imenso”, confia. 

A perda de poder de compra é sentida no quotidiano, não só à subida do custo da energia e alimentação, mas também da renda, que disparou cerca de 50% no último ano. 

 Em junho, 7.886 portugueses trabalhavam no NHS

“Neste momento somos três a partilhar a casa. Tivemos de acrescentar mais uma pessoa para ser mais razoável”, contou à Lusa, acrescentando que a maioria dos colegas partilha casa. 

Atualmente num cargo de chefia como “charge nurse’, Tânia Alves, de 37 anos, sente-se frustrada e desanimada com a falta de reconhecimento sobretudo do Governo, que tem recusado negociações salariais. 

Por isso, começa a questionar-se se deve voltar a Portugal, como fizeram outros compatriotas da profissão. 


Raquel Ribeiro
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No Reino Unido, uma greve sem precedentes junta enfermeiros, paramédicos e condutores de ambulâncias. O Governo diz que não há espaço para negociações.

Segundo o Nursing and Midwifery Council (NMC) [Conselho de Enfermagem e Obstetrícia, a entidade reguladora da profissão], o número de enfermeiros portugueses registados caiu 21% em cinco anos, de 5.262 em março de 2017 para 4.157 em março de 2022. 

No total do sistema nacional de saúde público britânico (NHS), estimam-se que trabalhavam 7.886 portugueses em junho de 2022. 

"Depois de ter passado três anos a trabalhar durante o covid sem conseguir ver a minha família, se é para não darem condições de trabalho dignas, então eu prefiro voltar para casa”, desabafou Tânia Alves. 

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