Português foge durante terramoto na Turquia. "Estava tudo a cair à minha volta"
Português foge durante terramoto na Turquia. "Estava tudo a cair à minha volta"
O português André Sousa, que está a dar a volta ao mundo numa minimoto, está na Turquia e foi obrigado a fugir esta madrugada durante o terramoto de 7,8 na escala de Richter que abalou o país e provocou a morte a mais de 2.300 pessoas no território e na vizinha Síria, segundo o mais recente balanço. Há ainda registo de milhares de feridos e desaparecidos.
Em declarações à Lusa, o jovem de 27 anos, de Oliveira de Azeméis, que se encontra num hotel a sete quilómetros de Gaziantep, epicentro do terramoto, conta que esta madrugada, por volta das 04h15 locais, foi acordado por “abalos muito violentos” e fugiu do segundo andar para o exterior.
“Como já passei por um tremor de terra na Grécia, em 2020, e por outro na Guatemala, o ano passado, desta vez percebi logo o que estava a acontecer e não hesitei, a pensar que era a colisão de um carro ou coisa assim. Este terramoto foi absurdamente mais forte. Estava tudo a cair à minha volta – garrafas de água, comandos de televisão, o reboco das paredes, com as pedritas a saltar – e fui a correr para a rua, só em boxers, meias e t-shirt, mesmo com temperaturas negativas”, descreve.
A saída do hotel fez-se com alguma dificuldade, porque, como “o terramoto durou mais de um minuto consecutivo, o prédio continuava a tremer” e, no trajeto até um espaço desafogado, “por todo o lado havia revestimentos a cair – tijolo, porcelana, vidro, etc.”.
O motociclista manteve-se ao ar livre durante cerca de uma hora, sempre “sem roupa nem calçado”, e sem grande apoio ou informação.
“Estava tudo em pânico e, como aqui são muçulmanos, só se ouvia gente a gritar ‘Allahu Akbar’, tipo ‘Deus nos ajude’. Não consegui saber muito mais, porque ninguém fala inglês e estava tudo muito aflito, em pânico mesmo”, revela.
André Sousa manteve-se quente com a ajuda de fogueiras criadas no exterior pelos habitantes da zona, que para isso recorreram a papéis e alguns destroços de madeira, e voltou ao hotel quando já haviam sido retomados os serviços de eletricidade, telefone e internet.
Entretanto, sentiu várias réplicas do terramoto, mas garante que essas “não têm comparação em termos de intensidade”, pelo que se considera mais seguro no hotel, onde se encontra desde há uma semana, quando ali chegou vindo do Iraque.
Quer doar sangue
Aguarda agora instruções para doar sangue, uma vez que “as autoridades já informaram que estão a precisar”, dados os milhares de feridos na Turquia e também na Síria.
“Não adianta querer sair do hotel, porque só vamos estorvar”, defende André Sousa. “As ruas estão interrompidas, não se consegue ir a lado nenhum e a polícia está a pedir às pessoas que fiquem em casa ou nos parques públicos, para não se obstruir mais nada e as ambulâncias e os serviços de emergência poderem circular”, conclui o jovem que tem permanecido na Turquia a aguardar o aliviar das condições climatéricas associadas aos nevões dos últimos dias para poder prosseguir viagem.
Nesta epopeia, o jovem de Oliveira de Azeméis foi agora apanhado pelo terrível sismo que abalou esta madrugada a Turquia e Síria, e que é já considerado um dos mais fortes dos últimos 100 anos, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
André Sousa iniciou em 2020 a presente viagem para a obtenção do recorde do Guiness como primeiro cidadão do mundo a dar a volta ao planeta numa Honda Monkey 125 com 75 centímetros de altura e motor de nove cavalos. Até agora, já percorreu 70 países e mais de 60.000 quilómetros.
*Com agência Lusa
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