Paris/Atentados: 300 pessoas hospitalizadas, 80 em estado grave
Paris/Atentados: 300 pessoas hospitalizadas, 80 em estado grave
Os hospitais públicos de Paris receberam 300 vítimas dos atentados de sexta-feira à noite, incluindo 80 feridos em "estado grave" e 177 casos de "emergência relativa", foi hoje anunciado.
Este balanço inclui ainda 43 "testemunhas ou familiares" que precisaram de assistência, de acordo com a Assistência Pública-Hospitais de Paris, que coordena o conjunto dos estabelecimentos hospitalares.
Pelo menos 53 pessoas tinham recebido alta ao início da tarde de hoje.
Em comunicado, a autoridade indicou que o sistema de hospitais da cidade mostrou ter a "capacidade necessária" para responder à chegada dos feridos nos ataques, que causaram 128 mortos.
PARIS TENTA RECUPERAR ALGUMA NORMALIDADE
Esta manhã, os parisienses saíram à rua apesar das recomendações da polícia para ficarem em casa e de algumas sirenes que ainda ecoam na capital francesa.
A Rua de Charonne, onde aconteceu um dos ataques a uma esplanada de um café, estava limitada aos residentes e nem os jornalistas podiam passar.
No cruzamento entre o Boulevard Richard Lenoir e o Boulevard Voltaire, junto ao Bataclan, todo um aparato de carrinhas de reportagem e barreiras também impediam a passagem para a avenida da sala de concertos onde morreram mais de 80 pessoas.
No entanto, a maior parte dos comércios e cafés estão abertos e os moradores saíram à rua apesar das recomendações da polícia para ficarem em casa.
Foi o caso do casal Felioe Kaiser e Kelly Freitas, dois brasileiros que moram ao lado do Bataclan e que ficaram toda a noite em casa com “medo” do que estava a acontecer.
“A gente começou a ouvir a sequência de tiros, parecia que a gente estava numa guerra, a gente ficou com medo em casa, com medo que acontecesse alguma coisa. Logo depois os jornais começaram a noticiar que estavam atirando no Canal Saint Martin, que havia uma carnificina no Bataclan. Logo depois a polícia entrou e ouvimos as explosões”, descreveu Kelly.
Kelly Freitas contou à Lusa que quis sair para ver o que estava a acontecer com os próprios olhos: “A gente mora aqui ao lado, a gente queria saber como estava a situação. A gente queria saber como estava a situação (…) A gente queria entender o que se estava passando. A gente não pode ficar presa, é importante sair.”
Mavilde Mardon tem uma padaria perto da sala de concertos do Bataclan e já em janeiro tinha ouvido disparos e explosões aquando do ataque à sede do Charlie Hebdo e agora começa a considerar deixar Paris.
“Tenho três filhos e os meus filhos saem de noite, vão comer aos restaurantes, aos cafés. Até estava previsto irmos comer ali no fim da rua, no Boulevard Voltaire, mas não saímos. Telefonaram-nos para casa para nos dizer para não sairmos. No Stade de France, os meus filhos vão sempre ver a bola com o meu marido, nós temos bilhetes de graça e eles às vezes vão. É chocante. Não sei onde vamos parar. Mete medo morar em Paris agora”, contou.
Ainda assim, Mavilde decidiu abrir hoje a padaria porque acha que não se deve viver com medo porque “é o que eles querem, que a gente tenha medo”, ainda que admita que a rua está com menos gente porque "os turistas não vêm porque têm medo".
Além disso, devido às medidas de segurança do estado de emergência, a sua filha já não foi a um evento previsto na igreja ao lado porque "têm medo que se passe outra vez coisas horríveis".
Pelo menos 127 pessoas morreram e 180 ficaram feridas, 80 dos quais em estado crítico, em diversos atentados em Paris, na sexta-feira à noite, segundo fontes policiais francesas.
Oito terroristas, sete deles suicidas, que usaram cintos com explosivos para levar a cabo os atentados, morreram, segundo as mesmas fontes.
Os ataques ocorreram em pelo menos seis locais diferentes da cidade, entre eles uma sala de espetáculos e no Stade de France, onde decorria um jogo de futebol entre as seleções de França e Alemanha.
A França decretou o estado de emergência e restabeleceu o controlo de fronteiras na sequência daquilo que o presidente François Hollande classificou como "ataques terroristas sem precedentes no país".
