Ocean Viking. França aperta controlos, Itália fala em "reação injustificada"
Ocean Viking. França aperta controlos, Itália fala em "reação injustificada"
O governo francês decidiu, na quinta-feira, reforçar a vigilância na fronteira com Itália, em resposta à recusa do executivo de Giorgia Meloni em autorizar o desembarque do Ocean Viking.
O navio humanitário estava em alto-mar há 19 dias com 234 migrantes, à espera de luz verde das autoridades para atracar e, esta sexta-feira, finalmente pôde fazê-lo no porto de Toulon, no sul de França.
Os controlos fronteiriços já começaram a ser apertados, a partir das 20h de quinta-feira, em "mais de uma dúzia" de pontos de passagem, incluindo nas zonas de montanha, informou a direção-geral da polícia nacional (DGPN) à AFP.
Segundo aquela entidade, serão mobilizados cerca de 500 agentes adicionais para efetuar os controlos "nos pontos de passagem autorizados".
O dispositivo, que é liderado pela Polícia de Fronteiras (PAF) e inclui polícias de segurança pública e agentes dos vários departamentos franceses, deverá estar implementado até domingo.
Meloni. Gestão europeia de migrantes "não funciona"
O executivo francês justifica esta medida com a "escolha incompreensível" de Itália em negar os pedidos de ajuda da embarcação, que navegava há várias semanas ao largo da costa italiana e, segundo a lei marítima, deveria ser autorizado a desembarcar no porto mais próximo.
O ministro francês do Interior, que caraterizou a decisão de Itália como "desumana", comunicou esta sexta-feira a decisão do país em "suspender com efeitos imediatos" o acolhimento previsto de 3.500 refugiados que se encontram atualmente em Itália. Gérald Darmanin referiu, ainda, que haverá "outras consequências" na "relação bilateral" de França com Itália.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, descreveu o reforço de controlos fronteiriços como uma reação "agressiva, incompreensível e justificada".
A líder conservadora considera que a gestão europeia de migrantes "não está a funcionar" e ressalvou que "não há nenhum acordo escrito que diga que Itália deve ser o único porto de desembarque possível no Mediterrâneo".
No entanto, Meloni insistiu na necessidade de se encontrar "uma solução europeia" para a questão das migrações. "Não é inteligente discutir com França, Espanha, Grécia, Itália ou outros países. Quero procurar uma solução comum", afirmou.
(Com AFP)
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