May coloca nas mãos do Parlamento o adiamento do Brexit
May coloca nas mãos do Parlamento o adiamento do Brexit
A primeira-ministra britânica, Theresa May, colocou esta terça-feira nas mãos do Parlamento a possibilidade de adiar o Brexit, caso não haja acordo sobre o processo de divórcio entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido. O prazo está a chegar ao fim, já que a data prevista para a concretização do Brexit é 29 de março, sem que esteja à vista o acordo necessário. Num discurso na Câmara dos Comuns, May afirmou que mantém a votação do acordo para o próximo dia 12 de março.
Caso o acordo feito com o bloco dos 27 volte a chumbar, May proporá a votação – a 13 de março – de uma saída sem acordo. Ora, caso esta proposta seja novamente chumbada pelos deputados britânicos, o Parlamento poderá então votar – no dia seguinte (14) – o adiamento da saída por um período curto. "O Reino Unido só sairá sem acordo em 29 de março se houver consentimento explícito nesta Câmara para esse resultado" garantiu May.
A primeira-ministra disse saber que "existem deputados de toda a Câmara [dos Comuns] genuinamente preocupados com o facto de o tempo se estar a esgotar", justificando a sua decisão de colocar o adiamento nas mãos dos deputados. No entanto, frisou que não pretende que o prazo seja prorrogado e advertiu para o problema das eleições europeias. Adiar significa que o Reino Unido irá participar nas eleições europeias, elegendo deputados para o Parlamento Europeu. Durante o fim de semana, já tinham sido divulgadas algumas notícias sobre a possibilidade de uma extensão do prazo.
No domingo o jornal britânico The Guardian avançou que o bloco dos 27 estaria disposto a aceitar um prolongamento do prazo para concretizar o Brexit. Contudo, a notícia foi oficialmente desmentida na segunda-feira pela Comissão Europeia. A porta-voz de Bruxelas, Mina Andreeva, classificou como "pura especulação" as notícias sobre um possível adiamento do ‘Brexit’ até 2021. Bruxelas reiterou que está a trabalhar no pressuposto de que a saída do Reino Unido se concretizará em 29 de março próximo.
A porta-voz comunitária explicou que uma extensão do prazo de saída requer um pedido do Reino Unido e exige que a União a 27 concorde de forma unânime. Ora, nenhuma destas duas condições aconteceu até ao momento. Quem defende abertamente o adiamento é o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
Na segunda-feira numa conferência de imprensa em Sharm el-Sheikh, que acolheu uma cimeira entre União Europeia e Liga Árabe, Tusk afirmou que "é óbvio que não há maioria na Câmara dos Comuns para aprovar o acordo". "Acredito que, na situação em que estamos, um prolongamento seria uma solução racional", declarou. A fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte é o ponto que tem causado maior discórdia.
O acordo entre o Governo britânico e o bloco dos 27 prevê salvaguardas para que não seja criada uma fronteira entre as duas regiões. Contudo, os críticos temem que a situação permaneça por um período de tempo indefinido e reclamam regras mais definitivas. Ora, Bruxelas tem-se afirmado disponível para esclarecer alguns pontos, mas tem colocado de parte a possibilidade de reabrir as negociações do acordo.
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