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Juncker. "Sem Gorbatchov, a reunificação alemã não teria sido possível"
Mundo 3 min. 31.08.2022 Do nosso arquivo online
Mikhail Gorbatchov (1931-2022)

Juncker. "Sem Gorbatchov, a reunificação alemã não teria sido possível"

Em 2004, Mikhail Gorbatchov foi recebido no Ministério de Estado para uma visita de trabalho pelo então primeiro-ninistro Jean-Claude Juncker.
Mikhail Gorbatchov (1931-2022)

Juncker. "Sem Gorbatchov, a reunificação alemã não teria sido possível"

Em 2004, Mikhail Gorbatchov foi recebido no Ministério de Estado para uma visita de trabalho pelo então primeiro-ninistro Jean-Claude Juncker.
Foto: Guy Wolff/ ArquivoLuxemburger Wort
Mundo 3 min. 31.08.2022 Do nosso arquivo online
Mikhail Gorbatchov (1931-2022)

Juncker. "Sem Gorbatchov, a reunificação alemã não teria sido possível"

Michael MERTEN
Michael MERTEN
O antigo primeiro-ministro luxemburguês foi um de vários políticos a deixar rasgados elogios ao último presidente da URSS.

A morte do antigo presidente da União Soviética, Mikhail Gorbatchov, esta terça-feira, suscitou homenagens um pouco por todo o ocidente e o Luxemburgo não foi exceção. Em declarações ao Luxemburger Wort, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean Asselborn, lembrou "um político que, com convicção, dissolveu a divisão entre o leste e o ocidente". Gorbatchov, com quem o governante se encontrou uma vez em Moscovo, foi "um grande estadista russo" que, no seu entender, "teria poupado a Ucrânia a esta guerra bárbara".

Também o antigo primeiro-ministro Jean-Claude Juncker esteve com o antigo presidente russo em 2004. "Ele foi um dos grandes reformadores na História europeia", referiu ao Wort. Na altura, os dois conversaram sobre a situação da Rússia nos últimos anos da União Soviética. "Na altura, ele foi uma mais-valia para a liberdade individual e coletiva e encabeçou a convulsão dos anos 1990."

O ministro Jean Asselborn com Gorbatchov em 2001
O ministro Jean Asselborn com Gorbatchov em 2001
Foto: Arquivo Luxemburger Wort

Putin "não está ao nível do legado de Gorbatchov"

Quando os diferentes países pertencentes à esfera de influência da antiga URSS se tentaram desvincular de Moscovo por volta de 1990, Gorbatchov permitiu que isso acontecesse "após alguma hesitação inicial". "Os eslovenos, os estónios, os letões e outros devem-lhe o lugar que conquistaram na altura, porque se tornaram livres", elaborou Juncker.

Para o antigo primeiro-ministro, "Gorbatchov era um homem da paz, não era influenciado por hostilidades face a outros países". A sua visão do mundo distinguia-o do atual chefe de Estado russo, observa. "Se olharmos ao que está a acontecer na Rússia hoje, vemos que Putin não está ao nível do legado de Gorbatchov, porque recuou em várias reformas e está a seguir uma política externa agressiva."

A importância histórica do vencedor do Nobel da Paz de 1990 reflete-se, igualmente, na queda do muro de Berlim, que aconteceu sem a sua intervenção militar. "Sem Gorbatchov, a reunificação alemã não teria sido possível", sublinhou Juncker. Apesar de sempre ter tido uma atitude negativa em relação à NATO, continua a ser popular no ocidente, mas ressentido na Rússia, onde "muitos o acusaram de trair a União Soviética".

O antigo primeiro-ministro Jacques Santer com Gorbatchov numa visita oficial à então URSS, a 31 de outubro de 1990.
O antigo primeiro-ministro Jacques Santer com Gorbatchov numa visita oficial à então URSS, a 31 de outubro de 1990.
Foto: Albert Lanners/ Arquivo Luxemburger Wort

Bettel recorda "campeão da paz, abertura e transparência"

Até ao fim, Gorbatchov denunciou a crescente expansão da NATO em direção à fronteira russa e enfatizou que havia acordos em sentido contrário, feitos com os EUA na época da reunificação alemã. Mas Juncker não aceita estas críticas. "Não há nenhum acordo escrito entre os países da NATO e Gorbatchov para que o ocidente contenha a sua expansão, isso é mito." Houve apenas uma promessa de que não haveria presença militar permanente no território do Pacto de Varsóvia, que foi mantida até recentemente.

O atual primeiro-ministro, Xavier Bettel, expressou as suas condolências pela morte de Mikhail Gorbatchov numa publicação da sua conta de Twitter. "Os seus esforços contribuíram para a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria e inspiraram uma geração inteira. Será lembrado como um multilateralista dedicado e um campeão da paz, abertura e transparência".

À RTL, o antigo primeiro-ministro Jacques Santer afirmou que nenhum outro estadista ficou na História de forma tão vincada. "Foi ele que pôs fim à Guerra Fria", disse o chefe de Governo entre 1984 e 1995 esta quarta-feira. "Sem Gorbatchov, a Alemanha nunca teria sido reunificada".

(Este artigo foi originalmente publicado na edição alemã do Luxemburger Wort.)

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