Irão tem míssil hipersónico capaz de "penetrar em todos os sistemas de defesa"
Irão tem míssil hipersónico capaz de "penetrar em todos os sistemas de defesa"
O Irão afirmou esta quinta-feira ter construído um míssil hipersónico capaz de "penetrar em todos os sistemas de defesa antimísseis". O anúncio já levantou preocupações na Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
Um míssil hipersónico é uma arma manobrável e viaja a uma velocidade superior a 6.000 km/hora, ou seja, cinco vezes a velocidade do som.
"Este míssil pode contrariar os escudos de defesa aérea", disse o General Amirali Hajizadeh, comandante da Força Aeroespacial Revolucionária iraniana, citado pela AFP. "Será capaz de penetrar em todos os sistemas de defesa antimísseis e penso que não haverá nenhuma tecnologia para o travar durante décadas", afirmou, citado pela agência Fars.
Ao contrário dos mísseis balísticos, os mísseis hipersónicos voam baixo na atmosfera e são manobráveis, tornando a sua trajetória difícil de prever e intercetar.
A Rússia, a Coreia do Norte e os EUA tinham anunciado testes de mísseis hipersónicos, em 2021, reafirmando o receio global de uma nova corrida ao armamento.
No entanto, a Rússia deu o primeiro passo quando, em março, garantiu que tinha utilizado mísseis Kinjal hipersónicos na Ucrânia, algumas semanas após o início da invasão a 24 de fevereiro.
Já a China terá vários projetos, inspirados em programas russos, de acordo com um estudo do Centro de Investigação do Congresso dos EUA.
Impasse no reativar do acordo nuclear de 2015
O anúncio iraniano surge quando o Ocidente tenta, há mais de um ano, reavivar o acordo nuclear de 2015 entre as grandes potências e Teerão. O acordo, destinado a impedir o Irão de adquirir armas nucleares, em troca do levantamento das sanções internacionais, tem estado num impasse desde a retirada unilateral dos EUA, em 2018, sob ordem do ex-Presidente Donald Trump.
Em Viena, a AIEA reiterou, num relatório divulgado pela AFP, a sua "profunda preocupação" com o facto de "ainda não haver progressos" nas discussões com o Irão sobre a questão de três locais não declarados onde foram encontrados vestígios de urânio enriquecido.
A 5 de novembro, o Irão anunciou que tinha "testado com sucesso" um foguete capaz de transportar satélites para o espaço. Os governos ocidentais receiam que os sistemas de lançamento de satélites incorporem tecnologia intercambiável como a utilizada em mísseis balísticos capazes de fornecer uma ogiva nuclear, algo que o Irão sempre negou querer construir.
Teerão insiste que o seu programa espacial é apenas para fins civis e de defesa que não viola o acordo de 2015 nem qualquer outro acordo internacional.
Arábia Saudita na mira
O Irão, que vive em clima de guerra civil há dois meses por causa dos protestos internos desencadeados pela morte da jovem Mahsa Amini, acusa os seus "inimigos", em particular os Estados Unidos, de quererem desestabilizar o país.
Na quarta-feira, Teerão advertiu os países da região, incluindo a Arábia Saudita, que iria retaliar contra qualquer ação "desestabilizadora" dirigida à República Islâmica.
"Para o Irão, qualquer instabilidade nos países da região é contagiosa, e qualquer instabilidade no Irão pode ser contagiosa para os países da região", disse Esmail Khatib, Ministro dos Serviços Secretos iraniano.
Vale lembrar que o Irão, tal como a Rússia, foi alvo de várias sanções por parte do Ocidente, por causa da guerra na Ucrânia.
Na semana passada e depois de semanas a negá-lo, Teerão admitiu que tinha fornecido drones à Rússia (que estão a ser usados no conflito), mas que o teria feito antes do início da guerra, em fevereiro.
*Com AFP
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