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Homem negro em cadeira de rodas morre alvejado pela polícia da Califórnia
Mundo 4 3 min. 01.02.2023
Violência policial

Homem negro em cadeira de rodas morre alvejado pela polícia da Califórnia

Família e amigos de Anthony Lowe Jr. em protesto à porta do Departamento de Polícia de Huntington Park, Califórnia
Violência policial

Homem negro em cadeira de rodas morre alvejado pela polícia da Califórnia

Família e amigos de Anthony Lowe Jr. em protesto à porta do Departamento de Polícia de Huntington Park, Califórnia
AFP
Mundo 4 3 min. 01.02.2023
Violência policial

Homem negro em cadeira de rodas morre alvejado pela polícia da Califórnia

Ana Patrícia CARDOSO
Ana Patrícia CARDOSO
Vídeos publicados nas redes sociais mostram Anthony Lowe Jr. a resistir a um grupo de agentes. Foram disparados 10 tiros contra o homem.

Este é mais um caso de alegado uso excessivo de violência por parte da polícia norte-americana. Anthony Lowe Jr., um homem negro de 36 anos, que se deslocava em cadeira de rodas porque era amputado, foi morto a tiro por agentes da polícia em Los Angeles, Califórnia, na passada quinta-feira, dia 26 de janeiro. 

Os protestos relacionados com a morte de Lowe escalaram quando surgiram imagens publicadas nas redes sociais do momento em que as forças de segurança perseguem o homem que empunhava uma faca. Lowe acaba por deixar a cadeira de rodas e tentar fugir. O momento dos tiros fatais não foi captado. 


Versão oficial da polícia

Numa declaração a 30 de janeiro, o Departamento de Polícia de Huntington Park disse que os seus agentes responderam a um pedido de socorro para um esfaqueamento, na tarde do dia 26 de janeiro. 

A vítima do esfaqueamento, que terá ficado em estado crítico, descreveu o seu agressor como um homem numa cadeira de rodas. No comunicado, a polícia afirma que o atacante alegadamente "desmontou a cadeira de rodas, correu para a vítima e esfaqueou-o "no peito" com uma "faca de talho", antes de fugir do local. 

As forças de segurança terão depois detetado Lowe com uma faca, a alguns quarteirões de distância, e tentaram detê-lo com recurso a tasers. "O suspeito continuou a ameaçar os agentes com a faca, resultando num tiroteio envolvendo um agente", lê-se. O suspeito foi baleado no "tronco superior" e "tratado no local pelos paramédicos do Departamento de Bombeiros do Condado de Los Angeles", disseram as autoridades. A morte foi pronunciada no local. 

Os agentes da polícia envolvidos no tiroteio foram colocados em licença administrativa por uns dias, de acordo com a polícia.

Mais tarde, o tenente Hugo Reynaga disse ao Los Angeles Times que foram disparadas 10 balas contra Lowe. Este departamento policial em Huntington Park não utiliza câmaras corporais. Foi aberta uma investigação. 

Família quer justiça  

Anthony Lowe tinha dois filhos adolescentes e vivia no sul de Los Angeles. A mãe de um deles, Ebonique Simon, descreveu-o à CNN como um "pai amoroso e carinhoso" e que, nos últimos tempos, "lidava com uma grande depressão" por causa da perda das duas pernas. Também um porta-voz da família confirmou à CBS News que o homem estava a passar por "uma crise de saúde mental" por causa da dupla amputação que aconteceu após ter sido baleado.     

O filho de 15 anos viu as imagens e ficou "devastado", disse Ebonique. "Como é que uma criança se vai sentir em relação à polícia, agora que lhe mataram o pai a tiro?", questionou. 

Num protesto em frente à esquadra de Huntington Park, família e amigos de Lowe exigem que os agentes sejam acusados de homicídio. "Estou de coração partido e cheio de raiva", disse Tatiana Jackson, irmã mais nova da vítima, ao jornal The Guardian. "Quero que alguém me explique qual foi a razão para abaterem um homem que não tem pernas". A mãe de Lowe, Dorothy, partilhou da mesma perplexidade: "Assassinaram o meu filho quando ele estava numa cadeira de rodas". 

Sylvester Ani, ativista de Los Angeles que trabalha com famílias de pessoas mortas pela polícia, disse ao The Guardian que o caso era um lembrete de que os agentes podem criar perigo, em vez de proteger as pessoas: "A forma como eles são treinados para fazer o trabalho é matar pessoas. Não se trata de segurança. Este homem era um amputado, mas eles sentiram a necessidade de o matar. Não o fizeram porque tinham de o fazer, fizeram-no porque não se preocupavam com a sua vida. Anthony devia estar vivo".


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Polícia de Memphis acaba com unidade dos agentes que espancaram Tyre Nichols
A polícia nos EUA tem sido acusada por organizações de direitos humanos de uso desproporcionado da violência contra a população negra no país.

O caso surge enquanto por todo o país há protestos contra a violência policial nos EUA na sequência do espancamento fatal de Tyre Nichols, de 29 anos, em Memphis. 

Cinco agentes da polícia foram acusados de homicídio em segundo grau por terem espancado Nichols.



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